Criminosos vêm mirando contêineres de redes de fast-food, provocando prejuízo para firmas de reciclagem. Quadrilhas tem usado material para produzir biodiesel. Tonelada de óleo descartado chega a valer até 900 euros.Quadrilhas na Alemanha exploram agora um ramo inusitado: o roubo de gordura vegetal e animal velha que, após ser usada por restaurantes e redes de fast-food, é descartada em contêineres mantidos por empresas de reciclagem que têm no reaproveitamento do recurso seu ganha-pão.

O caso foi noticiado nesta quarta-feira (03/12) com exclusividade pela emissora pública de rádio e TV Saarländischer Rundfunk (SR), do estado alemão do Sarre.

Segundo a reportagem, mais de cem boletins de ocorrência já teriam sido registrados por empresas de reciclagem, mas isso não estaria inibindo os criminosos.

Isoladamente, os furtos parecem pequenos. Somados, porém, o prejuízo é grande: uma tonelada de óleo velho descartado pode ser vendida no mercado legal por até 900 euros a refinarias, que transformam esse recurso em biodiesel.

Na Alemanha, o descarte de resíduos geralmente fica a cargo de empresas privadas que fecham contratos com cada imóvel para recolher um volume pré-acordado de material: plástico e papelão, por exemplo, mas também óleo usado, no caso da gastronomia.

Os contêineres de lixo, que geralmente ficam nos fundos dos restaurantes, são operados por essas empresas, que passam regularmente para recolher o óleo pelo qual já pagaram. Só que, em alguns casos, os ladrões estão chegando antes, e os empresários ficam no prejuízo.

Esquema fora do radar da polícia

Empresários da reciclagem queixam-se de que a polícia trata cada furto como um episódio isolado, em vez de investigar a existência de um esquema por trás de roubos que acontecem há mais de dois anos.

Cansado de esperar em vão pela ajuda da polícia, um empresário ouvido pela SR afirma ter equipado seus contêineres com sistemas de rastreamento por GPS e monitorado como eles são levados para fora do país, muitas vezes pela fronteira com a Holanda.

Apesar disso, o governo da Renânia-Palatinado, onde o empresário atua, disse não ver indícios de que os furtos estejam associados ao crime organizado.

“O grande problema que temos é que as delegacias de polícia locais a princípio lidam com o caso como se fosse um crime de menor relevância. Mas, ao analisarmos o quadro geral, definitivamente precisamos partir do pressuposto de que há um alto grau de organização”, diz Sascha Roth, da Associação Federal Alemã de Gestão de Resíduos, Água e Economia Circular (BDE).

Especialistas preveem que a demanda por óleo velho de cozinha para fabricação de biodiesel deve aumentar nos próximos anos, tornando-o um recurso ainda mais valioso.

ra (ots)