O telescópio espacial Hubble, da Nasa/ESA, celebra o Halloween deste ano com uma observação impressionante da estrela de carbono CW Leonis, que se assemelha a um olho laranja maligno brilhando por trás de uma nuvem de fumaça.

A CW Leonis brilha das profundezas de uma espessa camada de poeira nesta imagem do Hubble. Situada a cerca de 400 anos-luz da Terra, na constelação de Leão, a CW Leonis é uma estrela de carbono – um tipo luminoso de estrela gigante vermelha com uma atmosfera rica em carbono. As densas nuvens de gás fuliginoso e poeira engolfando essa estrela moribunda foram criadas quando as camadas externas da própria CW Leonis foram jogadas no vazio.

Quando estrelas de massa pequena a intermediária ficam sem combustível de hidrogênio em seus núcleos, a pressão externa que equilibra o esmagamento da gravidade em seus núcleos se altera, fazendo com que a estrela comece a entrar em colapso. À medida que o núcleo entra em colapso, a camada de plasma que o circunda fica quente a ponto de começar a fundir o hidrogênio, gerando calor suficiente para expandir dramaticamente as camadas externas da estrela e transformá-la em uma inchada gigante vermelha.

Densa camada de poeira

As estrelas nessa fase da vida ejetam enormes quantidades de gás e poeira para o espaço, posteriormente alijando suas camadas externas. No caso da estrela de carbono CW Leonis, esse processo envolveu a estrela com uma densa camada de poeira fuliginosa.

Junto com o véu esfumaçado da CW Leonis, os tons vibrantes de laranja e verde desta imagem a tornam uma celebração adequada do Halloween. O Hubble capturou uma galeria macabra de imagens de Halloween ao longo dos anos – de rostos fantasmagóricos e morcegos cósmicos a uma abóbora esculpida formada por estrelas binárias. A imagem deste ano se assemelha a um único olho maligno de proporções cósmicas brilhando de dentro de uma nuvem de fumaça.

Embora essas observações criem uma imagem impressionante, elas foram originariamente feitas para responder a questões científicas urgentes sobre a CW Leonis. Como a estrela de carbono mais próxima da Terra, a CW Leonis dá aos astrônomos a chance de entender a interação entre a estrela e seu envoltório circundante. Esse é um objeto particularmente interessante para estudar, já que o envoltório da CW Leonis é relativamente turbulento, com uma estrutura interna complexa que os astrônomos acreditam poder ser esculpida por uma estrela companheira próxima.

Mudança de brilho

Os feixes de luz brilhantes que irradiam da CW Leonis são uma das partes mais intrigantes desta imagem, pois mudaram de brilho em um período de 15 anos – um período de tempo incrivelmente curto em termos astronômicos. Os astrônomos especulam que as lacunas na mortalha de poeira ao redor da CW Leonis podem permitir que esses feixes de luz estelar penetrem e iluminem a poeira mais afastada da estrela. No entanto, a causa exata das mudanças dramáticas em seu brilho ainda não foi explicada.

Observações detalhadas da CW Leonis feitas pelo Hubble nas últimas duas décadas também mostram a expansão de fios semelhantes a anéis de material ejetado ao redor da estrela – as camadas externas desbastadas da CW Leonis.

Esta imagem incorpora observações de 2011 e 2016 por um dos instrumentos mais robustos do Hubble, a Wide Field Camera 3. A CW Leonis é mais brilhante nos filtros vermelhos, R e I e, portanto, a cor laranja fervente que permeia o centro da imagem representa bem a cor real da estrela.