30/01/2023 - 11:38
Três anos após o primeiro alerta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou nesta segunda-feira (30/01) que manterá a covid-19 como uma emergência de saúde global, o nível máximo possível.
“Embora o mundo esteja em melhor posição do que há um ano, durante o pico da transmissão da variante ômicron do SARS-CoV-2, mais de 170 mil mortes relacionadas à covid-19 foram registradas globalmente nas últimas oito semanas”, consta do comunicado da organização.
A decisão foi tomada após uma reunião do Comitê de Emergência dos Regulamentos Internacionais de Saúde, na sexta-feira. Esse foi o 14º encontro do órgão que se reúne a cada três meses para avaliar a pandemia. No fim de janeiro de 2020, a OMS declarou uma emergência de saúde global devido à covid-19, que permanece até hoje.
De acordo com o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a taxa de mortalidade semanal caiu para menos de 10 mil em outubro, mas voltou a subir desde o início de dezembro, quando a China decidiu terminar com a política de “covid zero”.
Em meados de janeiro, quase 40 mil mortes semanais foram relatadas – mais da metade delas na China – mas o verdadeiro número “é certamente muito maior”, afirmou Tedros.
“Agente patológico permanente”
Apesar de ter reconhecido que a pandemia pode estar se aproximando de um ponto de inflexão, o comitê alertou que “não há dúvida” de que o coronavírus continuará sendo um agente patológico permanentemente estabelecido em seres humanos e animais no futuro. Por isso é criticamente necessária uma ação de longo prazo de saúde pública.
“Embora a eliminação desse vírus dos reservatórios humanos e animais seja altamente improvável, a mitigação do seu impacto devastador na morbilidade e mortalidade é viável e deve continuar sendo um objetivo prioritário”, informa o comunicado da OMS.
Entre essas metas estão a cobertura vacinal de 100% dos grupos mais vulneráveis e a aplicação de doses de reforço, aumento nos testes e uso precoce de antivirais, expansão das redes de laboratório e luta contra a desinformação sobre a pandemia.
Outros objetivos são melhorar o relato dos dados de vigilância à organização para “detectar, avaliar e monitorar variantes emergentes” e identificar alterações significativas na epidemiologia da covid-19. Para isso, a OMS pretende continuar trabalhando em parceria com seus Estados-membros, e lançará um alerta global a respeito, se necessário.
Outra recomendação da OMS é que os países reforcem o acesso às vacinas, diagnósticos e terapias para a covid-19 e que mantenham “uma forte capacidade de reação nacional a eventos futuros, afim de evitar um ciclo de negligência e de pânico”.
“Continuamos esperançosos de que, no próximo ano, o mundo fará a transição para uma nova fase, em que reduziremos as hospitalizações e mortes ao nível mais baixo possível”, comentou Tedros.
Pontos de alerta
A OMS também alerta que, após quase três anos de pandemia, “a vigilância e sequenciamento genético têm diminuído globalmente, dificultando o rastreio de variantes conhecidas e a detecção de novas”.
Além disso, os sistemas de saúde atualmente enfrentam dificuldades devido à covid-19, à gripe e ao vírus sincicial respiratório, face à escassez de mão de obra em saúde e ao cansaço dos profissionais.
O Comitê de Emergência dos Regulamentos Internacionais de Saúde informou que, até agora foram administradas em nível global 13,1 bilhões de doses de vacinas contra covid-19, com 89% dos profissionais de saúde e 81% dos maiores de 60 anos com a série primária completa.
Os membros do Comitê também citaram durante a reunião a “fadiga pandêmica” e a percepção pública crescente de que a covid-19 não é mais um risco tão grande quanto antes, levando a ignorar ou desconsiderar cada vez mais as medidas de saúde, como o uso de máscaras e o distanciamento social.
A OMS registra cerca de 6,8 milhões de mortes relacionadas ao coronavírus relatadas em todo o mundo, com mais de 752,5 milhões de casos oficiais – ponderando que o número real pode ser muito maior, devido à subnotificação.
le/av (AP, AFP, Reuters, Lusa, EFE)