Organização alerta que só 11 dos 36 hospitais do enclave permanecem parcialmente funcionais, sendo que apenas um ainda está aberto na região norte.A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que apenas 11, ou menos de um terço, dos hospitais na Faixa de Gaza permanecem parcialmente funcionais.

“Em apenas 66 dias, o sistema de saúde passou de 36 hospitais funcionais para 11 hospitais parcialmente funcionais – um no norte e dez no sul” do enclave, disse Richard Peeperkorn, representante da OMS para o Território Palestino Ocupado, numa conferência de imprensa da ONU.

“Não podemos dar-nos ao luxo de perder quaisquer instalações de saúde ou hospitais”, disse ele, falando por videoconferência a partir de Gaza. “Esperamos e imploramos que isso não aconteça.”

O apelo surge depois de o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, ter manifestado preocupação com as prolongadas fiscalizações realizadas dos comboios de abastecimento médico na Faixa de Gaza.

Desvastação total

Uma missão da OMS concluiu recentemente uma viagem de alto risco àquela zona e constatou o grande número de pessoas, incluindo mulheres e crianças, que ali permanecem, apesar da devastação quase total das zonas residenciais.

“A destruição é enorme e ficamos surpreendidos ao ver tantas pessoas nas ruas, crianças e mulheres, que por sua vez ficaram surpresas ao ver um comboio humanitário”, disse Peeperkorn, que liderou a missão, a qual, além de levar ajuda médica, retirou 19 pacientes gravemente enfermos e fez uma rápida análise da situação.

O Hospital Al Ahli é o único que continua funcionando na zona norte, com 250 pacientes internados, muitos com ferimentos graves, que ocupam todos os espaços do estabelecimento, sem exceção, e que chegam como podem, até em carroças puxadas por burros, explicou Peeperkorn.

Sem itens essenciais

No entanto, o hospital carece de itens essenciais, incluindo oxigênio, não tem combustível para gerar eletricidade e não tem água ou alimentos para os funcionários e doentes.

Em grande parte, o Al Ahli continua funcionando graças aos voluntários e ao pessoal médico presente todos os dias e que a cada dia é obrigado a dar prioridade a quem atender, comentou o representante da OMS.

Peeperkorn disse que o hospital Al Shifa, que era o complexo hospitalar mais importante da Faixa de Gaza até o início da guerra, “mal funciona” e que é necessário recuperar suas capacidades para torná-lo um segundo estabelecimento médico em funcionamento no norte da Faixa de Gaza.

“A melhor opção que temos é que o Al Shifa volte a funcionar e para isso a sua segurança deve ser garantida”, sublinhou Peeperkorn sobre o local, que há algumas semanas foi palco de combates entre as forças israelenses e o Hamas, com pacientes e profissionais de saúde no seu interior.

Desde então, alguns pacientes que necessitavam de diálise retornaram, assim como alguns trabalhadores.

md (EFE, AP, Reuters)