17/06/2019 - 14:29
Como a espera na fila para transplantes na China dura em geral apenas duas semanas? Um tribunal independente em Londres acredita conhecer a resposta, segundo o jornal “The Guardian”: os órgãos usados provêm de prisioneiros (incluindo adeptos da seita Falun Gong, perseguida desde 1999) executados.
Baseado em evidências de especialistas em medicina, investigadores de direitos humanos e outros depoentes, o Tribunal da China, presidido por Geoffrey Nice – que foi procurador do Tribunal Penal Internacional para o caso da ex-Iugoslávia –, concluiu de modo unânime, ao final de suas audiências, que “é certo que o Falun Gong foi usado para a extração forçada de órgãos”. O número de evidências sobre outras minorias, como tibetanos, muçulmanos uigures e algumas seitas cristãs, é menor.
De acordo com o “The Guardian”, a denúncia contraria a posição oficial do governo chinês, que afirma que desde 2014 deixou de remover órgãos de prisioneiros executados para destiná-los a transplantes. Segundo as autoridades do país, as alegações do tribunal são falsas e politicamente motivadas.
Os trabalhos do tribunal foram iniciados pela Coalizão Internacional para Acabar com o Abuso de Transplantes na China (Etac, na sigla em inglês) e seus membros, entre eles especialistas em medicina. Nenhuma dessas pessoas recebeu remuneração por tal atividade.
O tribunal ouviu relatos de extração de rins de prisioneiros executados desde os anos 1970. A maioria das evidências, no entanto, veio de 2000 em diante. Os relatos dão conta de que os presos ligados a minorias são submetidos a constantes exames médicos e de saúde.
Cerca de 90 mil cirurgias de transplante são realizadas anualmente na China, segundo o tribunal. O número é muito maior do que o fornecido por fontes oficiais do governo chinês.