01/10/2008 - 0:00
Petroleiro que trabalha na vila de Balaxani. A extração de petróleo sem cuidados ambientais é uma das principais razões dos problemas enfrentados pelo Azerbaijão.
Um século de produção de petróleo e negligência deixou a República do Azerbaijão à beira de um desastre ambiental. Depois de mais de 20 anos de independência, há muitos fantasmas vermelhos no país – a degradação ambiental, a decadência das infra-estruturas, uma corrupção disseminada, disputas territoriais pendentes e um estado de profunda pobreza que atinge mais de 40% da população local.
A poluição originária da extração de petróleo e do refino e transporte de óleo e gás colocou em risco e degradou a qualidade da água, do ar e do solo. As regiões mais comprometidas são aquelas ao redor da capital azeri, Baku, a Península de Abseron e a área de Sumqayit. Esta última é uma cidade localizada ao norte de Baku que, durante o período soviético, detinha as maiores taxas de mortalidade infantil do mundo.
Jovem transporta numa charrete o sal retirado do Lago Duz Golu, na vila de Masazir, Península de Abseron. A água tem cor rosa por conta do iodo e o lago está poluído por esgoto, lixo e petróleo. O sal é vendido no mercado sem ser lavado nem refinado.
Criança brinca em área poluída por lixo e esgoto na vila de Zabrat, região de Sabungli.
O Mar Cáspio e as terras do país sofrem com a contaminação química causada por pesticidas e herbicidas usados na agricultura e pelo lixo industrial tóxico. As agências da ONU informam que há uma grave poluição da água e do ar no Azerbaijão, classificado entre os 50 países com o mais alto nível de emissão de dióxido de carbono. Em meados dos anos 1990, as emissões de CO2 totalizaram 63,9 milhões de toneladas anuais, ou 8,76 toneladas per capita. A combinação da poluição industrial, agrícola e originária da exploração de petróleo causou uma crise ambiental no Mar Cáspio. Essas fontes de poluição contaminaram 100% das águas costeiras em certas áreas e 45,3% dos rios do país. Em 2001, só 78% do povo azeri tinha acesso a água potável não contaminada.
Água poluída por petróleo em praia da área de Sumqayit, cidade detentora dos mais altos índices mundiais de mortalidade infantil na era soviética.
A guerra entre o Azerbaijão e a Armênia adiou a capacidade do governo de melhorar essa situação. Devido à severidade da poluição em todos os níveis, a vida selvagem e a vegetação do país também foram seriamente afetadas. De meados dos anos 1980 à metade dos anos 1990, o total de terras ocupadas por florestas e bosques caiu 12,5%. A partir de 2001, 11 espécies de mamíferos, 8 de pássaros, 5 de peixes e 13 de répteis azeris entraram na lista de animais ameaçados.
Bombas de petróleo ao entardecer em Zabrat. A indústria petrolífera é uma das responsáveis pela degradação do ar, da água e do solo azeri.
Outro tópico a ser assinalado é a forte repressão à liberdade de imprensa. As leis azeris permitem que o governo incrimine facilmente os jornalistas por difamação e os ponha na prisão, ou os faça perder seus empregos. Há vários casos de forças policiais agredindo jornalistas. Em março de 2005, Elmar Husseynov, um editor que criticou o governo e a corrupção envolvendo os altos escalões das Forças Armadas, foi assassinado.
A produção de petróleo, a qual permite ao governo se beneficiar de investimentos externos que poderiam mudar a face do país nos próximos dez anos, se fossem usados para a população, permanece uma questão central nas expectativas internacionais.
Em 2001, o Azerbaijão ingressou no Conselho da Europa. Com freqüência acusados de corrupção desenfreada e de eleições fraudadas, os círculos do poder caminham numa corda bamba entre os interesses estratégicos regionais da Rússia e do Ocidente.
A Comissão Européia e o governo azeri anunciaram em 2004 um projeto de desenvolvimento econômico denominado Política Européia de Vizinhança (PEV) com fundos para o progresso da democracia e reformas econômicas, incluindo transportes e proteção ambiental.