10/06/2020 - 11:53
Os seres humanos gastam muito tempo e energia escolhendo seu parceiro. Um novo estudo de pesquisadores da Universidade de Estocolmo (Suécia) e do NHS Foundation Trust da Universidade de Manchester (MFT, do Reino Unido) mostra que a escolha de seu parceiro continua mesmo após o sexo – óvulos humanos podem “escolher” espermatozoides. O trabalho foi publicado na revista “Proceedings of the Royal Society B”.
“Os óvulos humanos liberam substâncias químicas chamadas quimioatraentes que atraem espermatozoides para óvulos não fertilizados. Queríamos saber se os óvulos usam esses sinais químicos para escolher quais espermatozoides eles atraem”, disse John Fitzpatrick, professor associado da Universidade de Estocolmo.
Os pesquisadores examinaram como o espermatozoide responde ao fluido folicular, que envolve os óvulos e contém quimioatraentes. A dúvida era se fluidos foliculares de diferentes mulheres atraíam espermatozoides de alguns homens mais do que outros.
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Seleção microscópica
“O fluido folicular de uma mulher era melhor em atrair espermatozoide de um homem, enquanto o fluido folicular de outra mulher era melhor em atrair espermatozoide de um homem diferente”, disse Fitzpatrick. “Isso mostra que as interações entre óvulos e espermatozoides humanos dependem da identidade específica das mulheres e dos homens envolvidos.”
O óvulo nem sempre concorda com a escolha de parceiro feita pela mulher. Os pesquisadores descobriram que os óvulos nem sempre atraem mais espermatozoides do parceiro em comparação com espermatozoides de outro homem.
Essa escolha é do óvulo ou do espermatozoide? Segundo Fitzpatrick, os espermatozoides têm apenas uma utilidade – fertilizar óvulos. Portanto, não faz sentido que eles sejam exigentes. Os óvulos, por outro lado, podem se beneficiar escolhendo espermatozoides de alta qualidade ou geneticamente compatíveis.
“A ideia de que os óvulos estão escolhendo o espermatozoide é realmente uma novidade na fertilidade humana”, disse o professor Daniel Brison, diretor científico do Departamento de Medicina Reprodutiva do Hospital Saint Mary’s, que faz parte do MFT, e principal autor do estudo.
Brison, professor honorário da Universidade de Manchester, acrescentou: “As pesquisas sobre a maneira como os óvulos e os espermatozoides interagem fazem avançar os tratamentos de fertilidade e podem nos ajudar a entender algumas das causas atualmente ‘inexplicáveis’ de infertilidade nos casais”.