10/09/2020 - 10:45
Em apenas oito meses de 2020, o Pantanal registrou o equivalente às queimadas sofridas nos últimos seis anos. Os números são assustadores: entre janeiro e agosto, 10.153 focos foram identificados no bioma, número que supera a soma dos focos registrados entre 2014 e 2019 (10.048). O “Estadão” destacou o dado a partir de informações do Inpe.
Quando comparado com o do ano passado (3.165), o número deste ano é três vezes maior; com relação a 2018 (603), o crescimento observado em 2020 é de avassaladores 1.700%. A temporada de incêndios de 2020 já é a mais destrutiva desde que o Inpe começou a monitorar o Pantanal, em 1999.
Uma das áreas mais afetadas pelas chamas é o entorno da rodovia Transpantaneira, que corta o sul do Mato Grosso, de Poconé a Porto Jofre. O repórter-fotógrafo da “Folha de S. Paulo” Lalo de Almeida percorreu boa parte dos 147 km da estrada para registrar as marcas deixadas pelo fogo na vegetação pantaneira e nos animais que ali habitam. “Para onde você olha, tudo está queimado”, diz.
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Onças-pintadas ameaçadas
As queimadas já assolam a região do Parque Estadual Encontro das Águas, que abriga a maior concentração de onças-pintadas do mundo. Com 108 mil hectares de vegetação, o parque está cercado pelas chamas, que avançam pelo norte, pela Transpantaneira, e pelo sul, vindas do Mato Grosso do Sul.
Outro parque na linha do fogo é o Parque Estadual das Nascentes do Taquari, na divisa entre MT e MS, que reúne as nascentes de alguns dos rios que compõem o Pantanal. O parque se localiza em uma área de transição entre o Cerrado e a vegetação pantaneira e é considerado um importante corredor natural de biodiversidade.
Nas redes sociais, imagens de destruição estão viralizando nos últimos dias. Uma delas é a de uma anta ferida pelo fogo que agoniza próxima a um rio. O homem que fez o registro desabafou no vídeo. “Vocês não tiram a bunda da cadeira para fazer alguma coisa. Que nojo de vocês, seus políticos.” Outra imagem que viralizou foi a gravação de uma reunião entre Jair Bolsonaro e o gabinete ministerial em Brasília. Na cena, uma menina convidada pelo presidente pergunta ao ministro Ricardo Salles: “Tá pegando fogo no Pantanal?”. A reação de Bolsonaro e de algumas pessoas presentes nessa conversa, que gargalharam após a pergunta da menina, causou revolta de ambientalistas, políticos e personalidades.