01/08/2011 - 0:00
O céu visível através da estrutura (no alto) e o golfe virtual na Zona de Interação são atrações da nova cabine.
Acima, visão da estrutura da cabine;
Todo pai já sabe que cuidar de filhos pequenos é uma aventura contínua. Num determinado instante, reinam a paz e a harmonia; em outro, um problema de saúde das crianças põe a casa em polvorosa; mais adiante, um filho contrariado é capaz de gerar reflexos negativos em todo o lar. Os pais precisam de muito jogo de cintura e estar sempre preparados para assumir o papel adequado à ocasião, que pode ser de professor, de supervisor, de fiscalizador, de enfermeiro ou de colega de brincadeiras.
Esse conceito elástico da paternidade é reforçado por um estudo conduzido por duas psicólogas do desenvolvimento, a canadense Joan Grusec, da Universidade de Toronto, e a israelense Maayan Davidov, da Universidade Hebraica de Jerusalém. Elas revisaram pesquisas envolvendo a relação de pais e filhos e identificaram cinco formas de interação que influenciam o amadurecimento dos pequenos. Na revista Child Development, as pesquisadoras ressaltam que não há um “modelo” de criação, mas sim papéis diferentes que se alternam à medida que a situação se desenrola. Entender essa dinâmica ajuda os pais a conquistar o equilíbrio.
Elas revisaram pesquisas envolvendo a relação de pais e filhos e identificaram cinco formas de interação que influenciam o amadurecimento dos pequenos. Na revista Child Development, as pesquisadoras ressaltam que não há um “modelo” de criação, mas sim papéis diferentes que se alternam à medida que a situação se desenrola. Entender essa dinâmica ajuda os pais a conquistar o equilíbrio.
Os papéis descritos por Joan e Maayan são recorrentes, mas provavelmente há outros e nada impede que dois ou mais ocorram ao mesmo tempo. Quando falam de papéis de pais, as psicólogas não querem dizer que apenas genitores biológicos (ou adotivos) podem exercê-los. Um adulto responsável pelas crianças, um irmão ou uma criança mais velha pode assumir a tarefa. Veja, a seguir, as principais formas de interação.
Guarda de trânsito
Participar de grupos como família, vizinhança, turma do colégio e culto religioso serve como escola para o aprendizado de comportamentos sociais. Os ensinamentos dos pais sobre rituais, rotinas e práticas das organizações são vivenciados e transformados, proporcionando um aprendizado implícito das normas: papéis sexuais, expectativas culturais, ideias sobre a classe social e comportamento adequado em público.
Esses recursos ajudam a criança a moldar uma identidade social estável.
Protetor
Como outras espécies, os humanos desenvolveram comportamentos que capacitam os membros da prole a chamar a atenção de um adulto para obter ajuda. Se uma criança chora em busca de proteção, uma reação dos pais demonstrando sensibilidade ao sinal resulta em benefícios a curto e longo prazo para ela. Com o reconhecimento, o sistema neurobiológico da criança passa a ser “treinado” para, eventualmente, lidar com o estresse por conta própria. Ela se torna mais empática ao sofrimento de outras pessoas e tende a ajudar os pais. Confortar um filho agitado equivale a investir na sua cooperação futura, seu desenvolvimento emocional positivo e seu bem-estar geral.
Professor
Graças ao papel de professor a criança aprende a usar o vaso sanitário, a manejar talheres, a comportar-se em situações sociais complexas e a lidar com sentimentos. Segundo as psicólogas, os pais competentes ensinam por etapas, sempre de forma íntima e gentil. Depois de avaliarem o que o filho já sabe, instruem sobre o passo seguinte e oferecem apoio até a criança assimilar o conteúdo transmitido. Com isso, ela não apenas absorve novos ensinamentos como passa a compreender o quadro mais abrangente do problema. Mães que conversam com os filhos sobre questões emocionais específicas de forma coerente, fornecendo detalhes, interpretações e comentários, ajudam a desenvolver sua compreensão sobre a vida emocional.
Disciplinador
Um pai tem de exercer poder sobre os filhos para impor disciplina. À primeira vista, isso remeteria a algum tipo de crítica e castigo, como retirar privilégios ou definir que a criança terá de esperar mais tempo por algo que deseja. Mas pode abranger ações positivas, como reforçar o comportamento esperado ou estimular o raciocínio para ela mesma chegar ao resultado desejado.
Escolher a ação disciplinar equilibrada ao ato que a deflagrou significa estimular na criança o senso de responsabilidade. Mas, se a reação dos pais for disciplinarmente fraca, o comportamento que gerou o problema não vai mudar. Já o excesso de disciplina pode prejudicar a capacidade de definir limites para si mesma. Outro detalhe a ser considerado é a forma como a criança reage a um ato disciplinar. Para algumas, basta um olhar severo.
Outras precisam de reprimendas mais fortes. Fatores como idade, sexo, temperamento, autoimagem, humor e natureza do problema exercem influência sobre as respostas. É indispensável que os pais conheçam os filhos o suficiente para que a estratégia escolhida e o grau de controle necessário auxiliem a criança a corrigir a falha. O bom uso da disciplina permite à criança crescer sabendo fazer as coisas certas por conta própria.
Participante
Embora o controle seja um papel recorrente, também é importante atender aos pedidos e acatar as tentativas das crianças de influenciar os pais. Segundo as psicólogas, se os pais atendem a desejos razoáveis dos filhos, estes ficam mais propensos a aceitar com bom ânimo algo que lhes é solicitado depois. Crianças que recebem esse tratamento tendem a ser mais felizes e a ter mais habilidades sociais positivas, menos problemas e menos discussões. Mães que brincam com os filhos de forma interativa têm menos conflitos com eles. Porém, recompensar a criança por gestos de cooperação é um perigo: o procedimento pode minar o desejo genuíno de trabalhar em equipe.