Há muito tempo existem experimentos com estimulação elétrica, nos quais os médicos tentam ativar os músculos das extremidades inferiores de paraplégicos. O método mostrou os primeiros sucessos em 2018, quando uma equipe da Clínica Mayo, em Rochester, no estado americano de Minnesota, implantou eletrodos próximos à medula espinhal de um paciente. Na época, ele teve que treinar intensamente por um ano, mas, com apoio terapêutico, conseguiu dar os próprios passos, chegando a caminhar mais de 100 metros.

Inicialmente, os médicos usaram no tratamento do paraplégico elétrodos de estimulação na verdade desenvolvidos para o tratamento da dor. Por mais de dez anos, esses marca-passos para dor ajudaram muitos pacientes a deixarem de usar analgésicos opioides. Eles agora fazem parte do tratamento padrão para dor crônica após hérnias de disco graves.

Elétrodos de estimulação melhores e com controle direcionado

Desde então, o método está apresentando grandes progressos: os neurocientistas e médicos suíços Jocelyne Bloch e Grégoire Courtine obtiveram sucesso semelhante com uma operação quase ao mesmo tempo que seus colegas da Clínica Mayo.

No entanto, os pesquisadores da Suíça aprimoraram a tecnologia: eles desenvolveram um elétrodo de estimulação mais longo e largo, especificamente para o tratamento de paraplégicos. E sua equipe desenvolveu um sistema especialmente projetado para controlar os impulsos elétricos emitidos pelo estimulador.

O atleta e professor de educação física David Mzee – que ficou paraplégico após um acidente quando praticava esporte, em 2010 – conseguiu andar novamente após a implantação de um estimulador elétrico.

Nove anos depois, Mzee se apresentou na conferência Falling Walls, em Berlim, entrando no salão apoiado apenas num andador, sob aplausos do público. Desde então, ele também mostra suas habilidades em eventos esportivos.

Mzee é um dos três pacientes que tiveram o novo elétrodo implantado pelos médicos em Lausanne, Suíça. Enquanto Mzee ainda sentia as pernas após o acidente e, portanto, estava apenas parcialmente paraplégico, os outros dois pacientes ficaram completamente paralisados ​​abaixo da cintura.

É notável que todos os três conseguiram se levantar e dar os primeiros passos apenas algumas horas após a operação, relatam os neurocientistas da Universidade Técnica de Lausanne, num artigo para a revista Nature.

Cadeira de rodas continua sendo ajuda importante

Neste ínterim, os três pacientes aprenderam a caminhar, nadar e até andar de bicicleta novamente. No entanto seus movimentos ainda são severamente limitados e seria muito perigoso pedalar no trânsito real ou mesmo nadar em águas naturais.

Há ainda um longo caminho desde os primeiros passos até caminhar de forma independente, e isso requer meses de treinamentos diários e, ainda assim, os movimentos permanecem difíceis e rígidos.

Enquanto indivíduos parcialmente paralisados ​​podem recuperar lentamente certas funções através da eletroestimulação, isso não é possível para os totalmente paralisados, que sempre precisam do eletroestimulador para poder se mover. Mesmo assim, só conseguem andar muito devagar.

Mas, na prática, os pacientes podem novamente se tornar mais independentes em casa e realizar movimentos que antes não conseguiam fazer. Na rua e, especialmente quando querem cobrir distâncias maiores, eles geralmente ainda precisarão recorrer a uma cadeira de rodas, pois as distâncias recordes – que alguns pacientes percorreram usando o andador – são até agora de algumas centenas de metros.