Homem de 32 anos morreu após ser baleado durante protesto em Lima. Manifestação deixou cem feridos e dez pessoas foram presas.O Ministério Público do Peru anunciou nesta quinta-feira (16/10) que investiga a morte de um manifestante que foi baleado em um protesto que tomou as ruas da capital peruana no dia anterior.

Durante a mobilização em Lima, que mirava o governo e o Congresso peruanos, um homem de 32 anos morreu ao ser atingido por um tiro de arma de fogo. Outras cem pessoas ficaram feridas em confrontos com agentes de segurança, incluindo 78 policiais. Dez pessoas foram presas.

Segundo o Ministério Público, a intenção é “esclarecer as circunstâncias do falecimento de Eduardo Ruiz”, que “recebeu um disparo de arma de fogo nas proximidades da praça França, localizada no Cercado de Lima, durante os protestos sociais realizados em 15 de outubro”.

O órgão determinou a remoção do corpo da vítima e a coleta de evidências audiovisuais e balísticas diante de um “contexto de graves violações aos direitos humanos”. O responsável pelo disparo ainda não foi identificado.

O diretor-geral de Operações em Saúde do ministério da Saúde do Peru, Carlos León, declarou nesta quinta-feira à imprensa peruana que a maioria dos civis feridos foi atendida em hospitais de Lima por contusões, golpes e efeitos de gases lacrimogêneos. Dois manifestantes precisaram ser operados.

Alvo dos protestos, presidente interino endossa investigação

Após a confirmação da morte, o presidente interino do Peru, José Jerí, um dos alvo dos protestos, desejou “que as investigações determinem com objetividade os fatos e responsabilidades” e enviou “força à família neste momento”.

O direitista José Jerí assumiu o poder na última sexta-feira após a destituição relâmpago da ex-presidente Dina Boluarte, primeira mulher a ocupar o cargo. Ela foi derrubada do poder pelo Congresso, acusada de “incapacidade moral”, encerrando de forma abrupta seu mandato de dois anos e dez meses e sem cumprir a promessa de pacificar o país.

Os protestos já se espalhavam pelo país contra a atuação de Boluarte, mas se mantiveram agora com pedidos para que Jerí deixe o cargo.

O ministro do Interior peruano, Vicente Tiburcio, indicou que determinou “de forma imediata que sejam realizadas as investigações”. Ele argumenta que não havia policiais à paisana na manifestação, opondo-se ao relato de testemunhas que acusam um agente infiltrado de realizar o disparo.

“Solicito uma investigação exaustiva para esclarecer a morte deste cidadão. Lamentamos este fato de morte que nós nunca previmos. Que se investigue até as últimas consequências”, disse.

A manifestação de quarta-feira, que também alcançou várias cidades do país, foi uma das maiores dos últimos anos, após os protestos que deixaram pelo menos 49 civis mortos entre o final de 2022 e os primeiros meses de 2023. Na ocasião, a revolta popular mirava o governo da recém-eleita Boluarte, depois do encarceramento de seu antecessor, Pedro Castillo, por sua fracassada tentativa de golpe de Estado.

gq (EFE, Reuters, DW)