16/12/2022 - 8:51
A insegurança hídrica é um dos problemas mais graves sofridos pelo Peru no contexto da crise climática. Historicamente, as comunidades que vivem do lado ocidental dos Andes dependem das coberturas de neve no topo das montanhas para conseguir seus estoques de água. No entanto, com o degelo acelerado, isso vai ficando cada vez mais difícil.
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Para driblar a falta de água, os peruanos estão recorrendo a técnicas usadas há séculos pelos antigos incas e que foram abandonadas depois da chegada dos espanhóis. O Washington Post visitou o país e abordou como essas tecnologias ancestrais já estão fazendo a diferença.
Uma delas é a amuna, um sistema de diques de irrigação que desviavam o excesso de água de riachos formados durante o verão para uso nos cultivos em terrenos elevados. Além de garantir água para a produção de alimentos, a prática também abastecia o lençol freático e garantia sua liberação gradual nas nascentes naturais ao longo do ano.
Única esperança
Um projeto-piloto vem sendo desenvolvido em San Pedro de Casta, a cerca de 85 km de Lima, com financiamento da empresa peruana de bebidas Backus e da agência alemã GIZ. “As amunas são a única esperança”, disse o agricultor Javier Obispo. “Sem elas, San Pedro de Casta morrerá”.
Em tempo: Do outro lado do mundo, na ilha indonésia de Bali, a falta de água também é preocupante. O somatório de crescimento demográfico, turismo e má gestão hídrica está causando uma crise que, na avaliação da Unesco, ameaça os subak, técnica reconhecida como Patrimônio da Humanidade que permite o cultivo de arroz em áreas mais altas, um símbolo daquela região. Os subak são um sistema de irrigação que distribui a água das poucas fontes disponíveis na ilha por meio de canais, represas e túneis. Eles representam a filosofia hindu balinesa do “Tri Hita Karana” – a harmonia entre as pessoas, a natureza e os espíritos. A Associated Press deu mais detalhes.