Um pequeno número de nações pesqueiras industrializadas está contribuindo com a maioria dos resíduos plásticos flutuantes na Mancha de Lixo do Pacífico Norte (NPGP, na sigla em inglês), de acordo com pesquisadores da organização The Ocean Cleanup e da Universidade de Wageningen (ambas da Holanda). As descobertas destacam o importante papel que as indústrias pesqueiras desempenham tanto na contribuição quanto na solução do problema da poluição plástica oceânica.

O trabalho é apresentado em um artigo publicado na revista Scientific Reports.

A NPGP é uma grande massa de plásticos flutuando no giro subtropical do Pacífico Norte (um sistema de correntes oceânicas). Expedições anteriores sugeriram que redes de pesca, cordas e fragmentos plásticos maiores podem constituir até 75% dos objetos da região.

Necessidade de transparência

O primeiro autor do estudo, Laurent Lebreton, da The Ocean Cleanup, e seus colegas analisaram 573 quilos de detritos (compostos por 6.093 itens maiores que 5 centímetros) coletados do giro subtropical do Pacífico Norte durante uma expedição entre junho e novembro de 2019. Os detritos foram coletados de latitudes entre 33,0 e 35,1 graus norte e longitudes entre 143,0 e 145,6 graus oeste. As peças de detritos plásticos foram analisadas quanto a evidências de seu país de origem, como idioma, nome da empresa ou logotipo. Os autores também modelaram como os detritos plásticos podem entrar no oceano usando dados de correntes oceânicas.

Embora 33% dos detritos fossem fragmentos não identificáveis, a segunda maior categoria de objetos (26%) eram equipamentos de pesca, como caixas de peixes, espaçadores de ostras e armadilhas para enguias. Boias e flutuadores de plástico constituíam 3% dos objetos, mas representavam 21% da massa total. Os autores relatam que, dos 232 objetos plásticos cuja origem pôde ser identificada, 33,6% (78) eram do Japão, 32,3% (75) eram da China e 9,9% (23) eram da Coreia do Sul. Outros 6,5% (15) desses objetos eram provenientes dos EUA, 5,6% (13) de Taiwan e 7,3% (11) do Canadá. Os autores relatam que, de acordo com seus modelos, os detritos plásticos na NPGP eram mais de dez vezes mais propensos a se originar de atividades de pesca do que de atividades terrestres.

Os autores ressaltam que essas descobertas destacam a necessidade de transparência da indústria pesqueira e o fortalecimento da cooperação entre os países para regular a gestão de resíduos a bordo de navios de pesca e monitorar equipamentos de pesca abandonados nos oceanos.