Uma pesquisa publicada no periódico “Quaternary Research” na quinta-feira, 12, indicou que filhotes de 14 mil anos atrás não eram cachorros domesticados, como era suposto anteriormente, mas se tratavam de duas lobas irmãs.

Os restos mortais dos animais foram encontrados no permafrost no sítio arqueológico de Syalakh, na Rússia, em 2011 e em 2015. As informações são da “CNN Science”.

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As filhotes ficaram por milhares de anos no gelo. A pele, garra, pelo e conteúdo estomacal dos animais foram preservados pela permafrost — uma camada do solo que está permanentemente congelada.

Os animais foram encontrados próximos a ossos de mamute que foram cortados e queimados por seres humanos. Os achados levaram à ideia de que se tratavam de dois cachorros domesticados que acompanhavam pessoas.

Na nova pesquisa, foram analisados dados genéticos do conteúdo presente no estômago dos animais e assinaturas químicas nos ossos, dentes e tecidos para constatar que se tratavam de lobas de dois meses de idade.

Os espécimes não apresentavam ferimentos ou sinais de que foram atacados, sugerindo que morreram quando sua toca subterrânea desabou.

A preservação dos restos mortais permitiu que os pesquisadores determinassem os hábitos de animais da era glacial. Assim como os lobos modernos, as filhotes se alimentavam de carne e plantas. Foram encontrados pedaços de pele de rinoceronte-lanoso no estômago dos espécimes.

A cor clara da pelagem do rinoceronte-lanoso é compatível com a de um filhote, já que adultos provavelmente tinham pelos mais escuros. Como os pedaços foram parcialmente digeridos, os pesquisadores estipularam que os animais estavam descansando em sua toca depois de uma refeição quando ela desabou.

Restos de plantas também foram identificados no estômago das filhotes, sugerindo que elas viviam em um ambiente seco e ameno que permitia o crescimento de uma vegetação diversa. Apesar de consumirem alimentos sólidos, as lobas provavelmente ainda eram amamentadas.

A caça de um animal grande como um rinoceronte, mesmo que fosse um filhote, indica que os lobos da época possivelmente eram maiores do que os modernos.

Os cientistas acreditam que as filhotes tenham sido criadas em uma toca e alimentadas por uma matilha, de forma similar ao que é feito pelos lobos atualmente.

Conforme os pesquisadores, não foram encontradas evidências de que os animais haviam se alimentado de carne de mamute, sugerindo que seres humanos não estavam compartilhando comida com eles.