Pesquisadores da Universidade da Austrália Ocidental (UWA) e do Laboratório Nacional de Sistemática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (Noaa) conseguiram gravar em vídeo uma jovem lula nadando perto do leito marinho, a cerca de 6.200 metros abaixo da superfície. Sua experiência foi objeto de um artigo publicado na revista Marine Biology.

Em seu artigo, Alan Jamieson, da UWA, e Michael Vecchione, da Noaa, relatam que a descoberta ocorreu enquanto operavam um submersível em busca do USS Johnston, um destróier da Marinha dos EUA que foi afundado durante a Segunda Guerra Mundial, na Fossa das Filipinas. Depois de chegarem perto do fundo da fossa, os dois avistaram a lula. Esse animal é relativamente fácil de reconhecer devido ao seu estilo distinto de natação e às longas barbatanas pretas que a acompanham enquanto nada.

Os pesquisadores capturaram em vídeo a lula nadando. Ela não estava muito próxima, mas a distância era suficiente para se confirmar que era das raras lulas de grandes tentáculos das profundezas (da família Magnapinnidae). A descoberta representa um recorde de profundidade para um octópode com barbatanas – o recordista anterior era outro que havia sido avistado a aproximadamente 4.700 metros de profundidade, ou 1,5 quilômetro acima.

O vídeo feito pelos pesquisadores. Crédito: cortesia A. Jamieson, M. Vecchione
Polvos das profundezas

Os pesquisadores também avistaram vários polvos da subordem Cirrina, mais conhecidos como polvos-dumbo porque suas barbatanas se assemelham às orelhas dos personagens de desenhos animados. Eles estavam todos quase na mesma profundidade que a lula.

Os polvos-dumbo vistos na Fossa das Filipinas representam apenas o segundo registro em que eles foram captados nadando em águas tão profundas. Pensava-se que o avistamento anterior havia sido um acaso, mas o novo registro mostra que não foi. Segundo Jamieson e Vecchione, o polvos-dumbo que viram pareciam um tanto diferentes dos outros que nadavam em tais profundidades. Isso sugere que eles provavelmente eram de uma espécie diferente.

Jamieson e Vecchione não são novatos em observações desse tipo. Em 2020, a dupla publicou um estudo sobre o avistamento mais profundo de um polvo. Agora, na mesma época em que observaram a lula, eles também fizeram imagens de uma água-viva na Fossa das Filipinas a uma espantosa profundidade de 10 mil metros.