20/11/2019 - 23:08
Uma equipe de pesquisa liderada por Masato Sakai, da Universidade de Yamagata (Japão), descobriu 142 novos geoglifos na região de Nazca (sul do Peru), que retratam pessoas, animais e outros seres. A descoberta vem se integrar às Linhas de Nazca, uma coleção de gravuras gigantes que só fazem sentido se vistas a partir de uma grande altura.
Descobertas nos anos 1920, as Linhas de Nazca foram criadas entre 200 a.C. e 600 d.C., removendo-se pedras para expor a areia branca abaixo e reproduzindo várias formas geométricas, pessoas e animais, formando o que se denomina geoglifos. Em 1994, essas obras foram designadas como Patrimônio Mundial da Unesco, mas seu propósito e significado continuaram a desafiar os historiadores.
Os geoglifos se enquadram em duas categorias principais. Projetos maiores, semelhantes a animais, de até 100 metros, provavelmente foram usados para demarcar locais de ritual. Símbolos menores, alguns menores que 5 metros, provavelmente serviram como pontos de referência para os viajantes.
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Situados principalmente no oeste da área das linhas, os novos geoglifos foram identificados por meio de trabalho de campo e análise de dados 3D de alta resolução, entre outras atividades realizadas até 2018. Pensa-se que os geoglifos biomórficos datam de pelo menos 100 a.C. a 300 d.C. Além disso, em um estudo de viabilidade realizado de 2018 a 2019, em conjunto com a IBM Japão, a equipe descobriu um novo geoglifo por meio de inteligência artificial (IA). Esse estudo explorou a viabilidade do potencial da IA para descobrir novas linhas e introduziu a capacidade de processar grandes volumes de dados com a IA, incluindo fotos aéreas de alta resolução, em alta velocidade.
Patrimônio a preservar
Sakai e seus colegas se engajaram em iniciativas desde 2004 para estudar as Linhas de Nazca. Além de identificarem com sucesso muitos geoglifos, os pesquisadores realizaram atividades para preservar esse patrimônio. No entanto, ainda existe muito trabalho a ser feito no levantamento da distribuição desses desenhos. Muitas das linhas foram danificadas por inundações, estradas e expansão urbana. Os pesquisadores acreditam que elas também abrangem uma área muito maior do que se imaginava, o que levaria muito mais tempo para pesquisar usando métodos tradicionais.
A equipe fez uma parceria com a IBM Research e agora está implementando algoritmos de aprendizado profundo para ajudar a acelerar a busca. Os pesquisadores estão usando uma plataforma de nuvem para reunir grandes quantidades de dados geoespaciais, incluindo Lidar, drones e imagens de satélite e pesquisas geográficas, a fim de criar mapas de alta fidelidade das áreas de pesquisa.
Sakai e seus colegas estão treinando uma rede neural para reconhecer os padrões de dados de linhas conhecidas e procurar novas. Ainda durante os testes, a equipe se deparou com um desenho que havia sido esquecido nos dados coletados anteriormente. A descoberta levou apenas dois meses com o novo método. Pelos anteriores, ela levaria anos, em geral.