05/12/2025 - 14:59
Um jovem adulto, entre 18 e 25 anos, sobreviveu e recebeu ajuda da comunidade após sofrer um ataque violento de um leão. O episódio aconteceu há cerca de 6 mil anos no leste da Bulgária, e só agora se tornou conhecido graças à análise de um esqueleto encontrado numa necrópole próxima ao sítio arqueológico de Kozareva Mogila.
O estudo, publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, revela que o homem sofreu ferimentos graves na cabeça, braços e pernas, todos compatíveis com a mordida de um grande felino. E, surpreendentemente, sobreviveu por tempo suficiente para que as lesões começassem a cicatrizar.
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A equipe de pesquisadores comparou as perfurações e fraturas nos ossos com padrões de mordidas de diferentes predadores e o resultado apontou para um culpado improvável para a região: um leão. O que só foi possível pois entre o período Neolítico e a Idade do Ferro, as condições climáticas permitiram que eles se expandissem para os Balcãs, incluindo o território onde hoje fica a Bulgária.
Como se deu o ataque
Segundo os pesquisadores, “a análise das lesões sugere que o indivíduo foi atacado por um leão, derrubado no chão e mordido várias vezes”. Além da cabeça, os braços e pernas também traziam sinais de ferimentos que provavelmente causaram dificuldades motoras, como limitações para caminhar ou realizar tarefas físicas.
A abertura no crânio nunca fechou completamente e um fragmento ósseo permaneceu na parte interna craniana, algo que, segundo os pesquisadores, afetou também suas estruturas neurológicas.
O surpreendente é que ele viveu, e não foi pouco. Apesar da gravidade, a maioria das fraturas mostra cicatrização, o que significa que ele não morreu imediatamente após o ataque. Pelo contrário, a análise sugere que ele recebeu cuidados da comunidade.
Outros esqueletos encontrados no mesmo sítio traziam indícios de cirurgia craniana, uma evidência de que possuíam conhecimentos médicos consideráveis para a época. Embora o jovem atacado não tenha passado por trepanação, procedimento cirúrgico que consiste em criar um orifício no crânio, os pesquisadores acreditam que foram utilizadas técnicas para alívio da dor e prevenção de infecções.
A preservação do corpo
Como o jovem foi parar nessa situação, porém, não está claro. Segundo os pesquisadores, “não temos pistas para especular se o jovem foi vítima de um encontro fortuito, se um predador caçou uma presa vulnerável ou se um jovem da aldeia pré-histórica realizou uma de suas primeiras expedições de caça sérias ”.
A integridade do cérebro do jovem, segundo os pesquisadores, era “questionável”. Mesmo assim, os autores concluíram que, ao contrário do que era comum na época, ele não foi deixado para trás.
Registros de ataques de leões contra humanos são extremamente incomuns, ainda mais com episódios de sobrevivência. Lesões parecidas aparecem apenas em estudos modernos sobre ataques na África e em raros casos arqueológicos.
