08/10/2019 - 20:34
Pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Eindhoven, na Holanda, receberam 2,9 milhões de euros para desenvolver um útero artificial. O objetivo do artefato é do útero artificial é aumentar as chances de sobrevivência de bebês extremamente prematuros fora do corpo.
A verba veio do programa Horizon 2020, da União Europeia, o maior programa de pesquisa e inovação da UE, com orçamento de quase 80 bilhões de euros por um período de 7 anos (2014 a 2020).
A ideia é que o útero artificial sirva como um substituto para uma incubadora com respiração artificial. Seria muito mais natural, porque se assemelharia mais às condições de um útero real.
“Nosso objetivo com o útero artificial é ajudar bebês extremamente prematuros a passar pelo período crítico de 24 a 28 semanas”, diz Guid Oei, ginecologista do Centro Médico Máxima e professor da universidade. As chances de sobrevivência para esses bebês são baixas: aproximadamente metade dos bebês que nascem com 24 semanas morrem. E os que sobrevivem geralmente sofrem de distúrbios crônicos ao longo da vida, como danos cerebrais, problemas respiratórios e / ou condições da retina que podem causar cegueira.
A cada dia que um feto de 24 semanas continua a se desenvolver em um útero artificial, as chances de sobrevivência aumentam. “Se conseguirmos prolongar o desenvolvimento fetal dessas crianças no útero artificial para 28 semanas, teremos reduzido o risco mais sério de mortalidade prematura para 15% ”, diz Oei.
Segundo Frans van de Vosse, coordenador do projeto e professor de biomecânica cardiovascular no departamento de engenharia biomédica da universidade, serão usadas diferentes tecnologias para criar o útero artificial.
No útero artificial, os bebês prematuros serão colocados em um ambiente à base de líquidos, assim como o útero natural. Nesse ambiente, não há respiração artificial pelos pulmões. O oxigênio e os nutrientes serão fornecidos por meio de um cordão umbilical usando uma placenta artificial.
Um sistema vai monitorar constantemente a condição do bebê, analisando a frequência cardíaca, o suprimento de oxigênio, a atividade cerebral e muscular. Modelos de computador fornecem ao médico um apoio imediato no processo de tomada de decisão em relação às configurações do útero artificial.
Um outro grupo da universidade, ligada ao departamento de desenho industrial está desenvolvendo uma boneca para simular com precisão bebês extremamente prematuros em uma enfermaria de terapia intensiva. Isso torna possível avaliar o útero artificial em um ambiente de teste realista antes de ser utilizado nas clínicas.
A previsão é de que leve cinco anos até que o primeiro protótipo de um útero artificial esteja pronto. O projeto tem colaboração com outras instituições: Grupo LifeTec, Nemo Healthcare, Politecnico di Milano e Universitätsklinikum Aachen.
“Esse é um desafio maravilhoso”, diz Guid Oei.