23/08/2019 - 15:11
Imagine poder sentir como era o perfume usado por Cleópatra mais de dois mil anos atrás?
Pois dois pesquisadores da Universidade do Havaí recriaram a fragrância usada pela rainha do Egito. O estudo faz parte do projeto arqueológico Tell Timai, uma escavação que já dura uma década na cidade egípcia de Thmuis, liderada pela Universidade do Havaí e pela Universidade de Tyumen, na Rússia.
Segundo os pesquisadores, durante as escavações do projeto foram reveladas várias evidências de que Thmuis era uma indústria dos mais famosas fragrâncias da antiguidade. Eles descobriram um vasto complexo de fornos do século 3 a.C, e análises químicas mostraram que esses fornos usavam argilas importadas para garrafas finas de perfume.
Em uma ocupação romana posterior, foi analisado um forno de fabricação de vidro, que pode representar a transição da cerâmica para os pequenos frascos feitos desse material, usados no período romano.
Em 2012, uma área de fabricação de algum tipo de líquido foi descoberta, com um estoque adjacente de moedas de prata e joias de ouro e prata. Isso sugere que, possivelmente, aquele local era a casa de um comerciante de perfumes.
Atualmente estão sendo realizadas análises de resíduos do conteúdo de algumas das ânforas, um antigo jarro grego ou romano com duas alças e um gargalo estreito, encontradas na área de fabricação, para verificar se há vestígios identificáveis dos líquidos ali produzidos.
Os professores Robert Littman e Jay Silverstein, da Universidade do Havaí, se aproximaram dos pesquisadores alemães Dora Goldsmith e Sean Coughlin, especialistas em perfumes egípcios antigos, para recriar a fragrância que era fabricado em Thmuis, baseado em fórmulas encontradas em textos gregos antigos.
A base do perfume é mirra, uma resina extraída de uma árvore típica do sudeste da África e da Península Arábica. Segundo a revista do Instituto Smithsonian, os ingredientes incluem cardamono, azeite de oliva e canela, o que produzia um perfume mais espesso do que os que usamos hoje.
As fragrância das época eram fortes, “picantes” e almiscaradas, nome que remete originalmente ao cheiro produzido a partir de uma substância secretada por uma glândula do cervo-almiscarado, de outros animais e também de algumas plantas de odor similar.
Para Littman, foi uma emoção sentir o cheiro de um perfume que ninguém sente há dois mil anos, de um perfume que Cleópatra pode ter usado.
Os estudos sobre o perfume e as fragrâncias recriadas estão sendo exibidos em Washington, DC, nos EUA, em uma exposição da National Geographic Society sobre as rainhas do Egito.