12/09/2023 - 17:02
General, que foi candidato a vice de Bolsonaro, tem sigilo telefônico quebrado em investigação sobre suspeita de corrupção na compra de coletes balísticos durante intervenção federal no Rio em 2018.A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta terça-feira (12/09) uma operação contra supostas fraudes na compra de coletes balísticos pelo Gabinete de Intervenção Federal (GIF) na Segurança Pública do Rio de Janeiro, ocorrida em 2018.
O general da reserva Walter Souza Braga Netto, que na época foi nomeado interventor federal e chefe do GIF, é um dos investigados e teve o sigilo telefônico quebrado pela Justiça. A PF apura se o militar, que foi ministro da Defesa e candidato a vice-presidente de Jair Bolsonaro, participou do suposto esquema de corrupção. O general não foi alvo de busca e apreensão da operação.
Segundo a PF, foram cumpridos 16 mandados de busca e apreensão nos estados do Rio, de São Paulo e Minas Gerais, além do Distrito Federal, em endereços ligados a ex-funcionários do GIF.
O GIF foi um órgão criado pelo governo federal para coordenar a intervenção federal na segurança pública do estado do Rio, que durou de fevereiro a dezembro de 2018. Além de ter o controle operacional das polícias estaduais, o gabinete fez diversas compras de equipamentos para as instituições de segurança.
Em nota, Braga Netto negou irregularidades, afirmando que os trâmites seguiram a lei. Disse ainda que a compra dos coletes foi suspensa pelo próprio GIF após serem encontradas “irregularidades” nos documentos fornecidos pela empresa contratada, a americana CTU Security.
EUA avisaram autoridades brasileiras
Em fevereiro do ano passado — ainda no mandato de Bolsonaro —, o governo dos Estados Unidos avisou às autoridades brasileiras do possível desvio após investigar o atentado ao presidente do Haiti, Jovenel Moïse,ocorridoem julho de 2021.
Investigações da PF apontaram indícios de conluio entre a empresa americana CTU Security LLC e servidores públicos federais, que resultaram na dispensa de licitação e possível sobrepreço na compra dos equipamentos de segurança.
Estão sendo investigados os crimes de patrocínio de contratação indevida, dispensa ilegal de licitação, corrupção ativa e passiva e organização criminosa.
O Tribunal de Contas da União identificou, segundo a PF, sobrepreço potencial de R$ 4,64 milhões em uma compra com valor total de 9,45 milhões de dólares (cerca de R$ 40 milhões no câmbio da época).
O pagamento foi feito no dia 23 de janeiro de 2019, mas acabou sendo estornado em setembro daquele ano, depois de suspensão do contrato pelo TCU.
A ação desta terça-feira, chamada de Operação Perfídia, investiga ainda o envolvimento de duas empresas brasileiras que atuam no comércio de proteção balística e que formam um cartel desse mercado no Brasil, com contratos públicos milionários.
md (EBC, ots)
