Caio Seabra Filho e outros 21 foram alvos de mandados de prisão preventiva. Segundo MP, servidores teriam recebido propina para facilitar exploração ilegal de minério de ferro em Minas Gerais.A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (17/09) uma operação que mira servidores públicos suspeitos de receber propina para fraudar licenças ambientais e autorizar a exploração ilegal de minério de ferro em áreas proibidas no estado de Minas Gerais.

Entre os presos preventivamente estão um dos diretores da Agência Nacional de Mineração (ANM), Caio Mário Trivellato Seabra Filho, que ocupa cargos na agência responsável por autorizar projetos de mineração desde 2020. O ex-diretor da Polícia Administrativa da PF, Rodrigo de Melo Teixeira, atualmente lotado na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais como diretor de Administração e Finanças, também foi detido.

A operação da PF também mira servidores públicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de órgãos estaduais do governo de Minas Gerais, como a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), o Instituto Estadual de Florestas (IEF) e a Secretaria de Meio Ambiente (Semad).

Foram 22 alvos de prisão preventiva, das quais 14 foram executadas até o momento. Os servidores investigados foram afastados de seus cargos.

Mineração em áreas de preservação

Segundo a PF, há indícios de recebimento de propinas e lavagem de dinheiro pelos investigados, que teriam atuado para favorecer os interesses de um conglomerado de 40 empresas mineradoras.

“A apuração detectou que o grupo investigado teria corrompido servidores públicos em diversos órgãos estaduais e federais de fiscalização na área ambiental e de mineração, com a finalidade de obter autorizações e licenças ambientais fraudulentas”, diz nota assinada pela PF, Corregedoria-Geral da União (CGU) e Ministério Público (MP).

De acordo com a investigação, Rodrigo Teixeira é suspeito de ser sócio de uma das empresas, e Seabra Filho de atrasar ou reverter decisões tomadas pela Procuradoria Federal Especializada da ANM em favor de um dos grupos mineradores.

“Essas autorizações eram utilizadas para usurpar e explorar irregularmente minério de ferro em larga escala, incluindo em locais tombados e próximos a áreas de preservação, com graves consequências ambientais e elevado risco de desastres sociais e humanos”, concluiu.

A organização criminosa também teria atuado para neutralizar a ação do Estado, diz a PF, dificultando as investigações e monitorando autoridades. “Além disso, utilizou diversos artifícios para lavar o dinheiro obtido com as práticas ilícitas.”

A PF também bloqueou bens das empresas, cujo lucro estimado supera R$ 1,5 bilhão.

gq/md (CGU, OTS)