20/10/2023 - 12:43
Na gestão Bolsonaro, membros da Agência Brasileira de Inteligência teriam monitorado telefones de jornalistas, políticos e adversários do governo.A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (20/10) a Operação Última Milha, para investigar o uso de um esquema secreto de monitoramento de geolocalização de celulares sem autorização judicial por funcionários da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A prática ilegal teria ocorrido no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
De acordo com a PF, foram cumpridos dois mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão. Também foram realizadas “medidas cautelares diversas da prisão”, nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás e no Distrito Federal.
Segundo informações da mídia, um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki.
As medidas judiciais foram expedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de buscas e prisões, o STF determinou o afastamento de Paulo Maurício Fortunato Pinto, secretário de Planejamento e Gestão da Abin, e de outros quatro servidores.
Jornalistas e adversários como alvo
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a PF descobriu que o software teria sido usado contra jornalistas, políticos e adversários de Bolsonaro. Segundo o jornal O Globo, a PF apurou que a Abin usou o sistema de monitoramento ilegal mais de 30 mil vezes, incluindo 2.200 usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.
“O sistema de geolocalização utilizado pela Abin é um software intrusivo na infraestrutura crítica de telefonia brasileira. A rede de telefonia teria sido invadida reiteradas vezes, com a utilização do serviço adquirido com recursos públicos”, informou em nota a PF.
“Além do uso indevido do sistema, apura-se a atuação de dois servidores da agência que, em razão da possibilidade de demissão em processo administrativo disciplinar, teriam utilizado o conhecimento sobre o uso indevido do sistema como meio de coerção indireta para evitar a demissão”, acrescentou.
Se condenados, os servidores responderão pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
md/ek (EBC, ots)