18/12/2025 - 12:11
Nona fase da operação contra esquema de fraudes contou com outros 15 mandados de prisão, incluindo filhos do “Careca do INSS” e de ex-diretor; senador Weverton foi alvo de busca e apreensão.A Polícia Federal (PF) conduziu nesta quinta-feira (18) uma nova fase da Operação Sem Desconto, que investiga um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo Portal, número dois da Previdência do governo Luiz Inácio Lula da Silva, teve prisão domiciliar decretada e foi afastado do cargo pelo ministro Wolney Queiroz.
Jornalista com mais de 23 anos de atuação no Congresso, Portal trabalhou como chefe de gabinete de diversos parlamentares do PDT – incluindo o senador Weverton Rocha (PDT‑MA), que também foi alvo de mandado de busca e apreensão nesta fase.
A operação desta quinta contou com 16 mandados de prisão preventiva e cumpriu 52 mandados de busca e apreensão autorizados pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em seis estados e no Distrito Federal.
As ações “visam aprofundar as investigações da Operação Sem Desconto e esclarecer a prática dos crimes de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”, afirmou a PF, em nota.
Também foram presos, dentre outros, Romeu Carvalho Antunes (filho de Antônio Carlos, o “Careca do INSS”) e Éric Fidelis (filho do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis).
A operação
A Operação Sem Desconto começou em abril deste ano, quando já haviam sido identificados descontos irregulares cobrados sobre aposentadorias e pensões de beneficiários do INSS via associações ou entidades fantasmas. Os mandados desta quinta integram a nona fase da operação.
Os investigadores apontam que a organização criminosa atuou entre 2019 e 2024 e pode ter causado desvios de até R$ 6,3 bilhões. Esses recursos, obtidos mediante supostas “mensalidades associativas”, eram desviados para empresas de fachada, contas de terceiros e usados para aquisição de bens de luxo, ocultando o dinheiro ilícito.
A PF relata práticas de inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa, estelionato previdenciário, além de ocultação e dilapidação patrimonial.
A corporação apontou a existência de um conluio entre as entidades investigadas para operar repasses a ex-diretores do INSS. Ao menos três ex-dirigentes do órgão teriam recebido mais de R$ 17 milhões por meio de intermediários: Virgílio Antônio, ex-procurador-geral, André Fidélis, ex-diretor de Benefícios, e Alexandre Guimarães, ex-diretor de Governança do INSS durante o governo Bolsonaro.
A investigação aponta que o esquema era operado por Antonio Carlos Antunes, conhecido como “Careca do INSS”. O lobista movimentou R$ 24,5 milhões em cerca de 5 meses, e era procurador com “plenos poderes” para representar algumas das entidades. Pessoas e empresas ligadas a ele receberam ao menos R$ 48 milhões das associações suspeitas. Ele foi preso em setembro.
Em novembro, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto , também teve prisão decretada, ao lado de outros nove suspeitos.
A crise expôs fragilidades no sistema de controle do INSS, provocou a abertura de CPI no Congresso e suscitou pedidos de auditoria, aumentando a pressão sobre a atuação do governo federal na área.
Os novos alvos
Adroaldo Portal ocupava o cargo de secretário-executivo do Ministério da Previdência desde maio. Antes, foi secretário do Regime Geral de Previdência Social da pasta, por dois anos.
Desde 1999, atuou no assessoramento técnico das bancadas do PDT na Câmara e no Senado, inclusive durante a última Reforma da Previdência, como consta em sua biografia no site do Ministério da Previdência.
Foi chefe de gabinete e secretário-executivo substituto do Ministério das Comunicações durante o governo Dilma Rousseff. Nesse período, foi presidente do Conselho de Administração dos Correios e conselheiro fiscal da Telebras.
No lugar de Portal, o ministro Wolney Queiroz indicou o procurador Felipe Cavalcante e Silva como novo secretário-executivo.
No centro da investigação está também o senador Weverton. Ele é líder do PDT no Senado e um dos vice-líderes do governo Lula (PT). Ele entrou na mira de integrantes da CPI do INSS depois que pessoas ligadas a ele foram citadas nas investigações.
As buscas nesta quinta se concentraram no gabinete parlamentar do senador.
“O senador Weverton Rocha informa que recebeu com surpresa a busca na sua residência, com serenidade se coloca à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas assim que tiver acesso integral a decisão”, afirmou o senador, por meio de nota.
sf (Agência Brasil, OTS)
