O que na visão de especialistas é a pior epidemia de febre suína africana já registrada está causando o abate de milhões de porcos na China e no Vietnã, segundo reportagem do jornal “The Guardian” divulgada hoje. A doença, descoberta no território chinês em agosto e altamente contagiosa, não atinge humanos, mas é fatal para esses animais – eles começam a ter hemorragias internas que os levam à morte.

O impacto da epidemia é sentido não apenas nas sociedades locais, mas em todo o planeta. A China – onde mais de 1,2 milhão de porcos já foram abatidos e mais de 200 milhões podem ter o mesmo destino – possui quase metade do rebanho suíno do mundo. No Vietnã, onde 2 milhões de porcos já foram abatidos, 75% da carne consumida tem origem suína. As mortes já elevaram o preço mundial desse tipo de carne em cerca de 40%

Não existe vacina para a doença. O vírus sobrevive por várias semanas e pode ser transportado por meios tão variados como tecidos ou veículos, o que facilita sua transmissão.

Suinocultores do Vietnã, do Camboja, da Tailândia e de boa parte da Ásia estão aterrorizados com as dimensões do problema. A Tailândia, segunda maior produtora de carne suína da Ásia, entrou em alerta vermelho por causa da epidemia. A doença apareceu nas últimas semanas na Mongólia, em Hong Kong e na Coreia do Norte. A Coreia do Sul está fazendo testes de sangue nos porcos na fronteira com sua vizinha comunista.

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e especialistas regionais, Mianmar, Laos e Filipinas deverão ser os próximos países a viver uma crise causada por essa epidemia. Tais países têm dificuldades em controlar o movimento de porcos e produtos suínos através de fronteiras pouco ou nada controladas.