Uma equipe internacional de cientistas de instituições como a Universidade de Lund (Suécia), a Universidade da Austrália Ocidental (UWA) e o Centro de Excelência em Biologia de Energia das Plantas do Australian Research Council (ARC) descobriu que a reação de uma planta à chuva está próxima do pânico. A pesquisa, publicada na revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”, revelou que sinais químicos complexos são acionados quando a água cai em uma planta para ajudá-la a se preparar para os perigos da chuva.

Em laboratório, os cientistas usaram um frasco comum para borrifar água sobre plantas Arabidopsis thaliana. Elas foram borrifadas uma vez a uma distância de 15 centímetros.

Harvey Millar, da UWA, coautor do estudo, disse que, após o borrifamento, os pesquisadores notaram uma reação em cadeia na planta causada por uma proteína chamada Myc2. “Quando a Myc2 é ativada, milhares de genes entram em ação, preparando as defesas da planta”, afirmou. “Esses sinais de aviso viajam de folha em folha e induzem uma série de efeitos protetores.”

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“Quanto ao motivo pelo qual as plantas precisariam entrar em pânico quando chove, por estranho que pareça, a chuva é realmente a principal causa de propagação de doenças entre as plantas”, acrescentou o pesquisador. “Quando uma gota de chuva cai sobre uma folha, pequenas gotas de água ricocheteiam em todas as direções. Essas gotículas podem conter bactérias, vírus ou esporos de fungos. Uma única gota pode espalhá-los até 10 metros nas plantas vizinhas.”

Proteção

“As folhas doentes podem atuar como uma catapulta e, por sua vez, espalhar gotículas menores com patógenos nas plantas a vários metros de distância. É possível que as plantas saudáveis ​​próximas se protejam”, acrescentou Olivier Van Aken, biólogo da Universidade de Lund e principal autor do estudo.

As evidências também sugerem que, quando chove, os mesmos sinais que se espalham pelas folhas são transmitidos às plantas próximas pelo ar.

“Um dos produtos químicos produzidos é um hormônio chamado ácido jasmônico, que é usado para enviar sinais entre plantas”, disse Millar. “Se os vizinhos de uma planta têm seus mecanismos de defesa ativados, é menos provável que eles espalhem doenças, por isso é do interesse deles que as plantas espalhem o aviso para as plantas próximas.”

“Quando o perigo ocorre, as plantas não conseguem se desviar, por isso, confiam em sistemas de sinalização complexos para se protegerem”, acrescentou Millar. Segundo ele, fica claro que as plantas têm uma relação intrigante com a água, sendo a chuva um importante portador de doenças, mas também vital para a sobrevivência da planta.