09/08/2025 - 16:41
Manifestação contra banimento do grupo Palestine Action, classificado de maneira controversa como “terrorista” pelo governo após atos de vandalismo, resultou na prisão de centenas de pessoas.A Polícia Metropolitana de Londres (Met Police, na sigla em inglês) efetuou mais de 350 prisões neste sábado (09/08) em uma manifestação na praça do Parlamento britânico a favor do Palestine Action, grupo pró-palestinos que foi recentemente banido pelo governo trabalhista do Reino Unido.
A polícia estimou que entre 500 e 600 pessoas estavam na Praça do Parlamento quando a manifestação começou. Às 18h, a polícia informou que 365 pessoas haviam sido presas, incluindo idosos.
Desde julho, o Palestine Action passou a ser classificado por lei como “organização terrorista” no Reino Unido, depois de ativistas do grupo jogarem tinta em dois aviões em uma base militar da Força Aérea Britânica (RAF) e bloquearem a entrada da sede da empresa de defesa israelense Elbit Systems em Bristol (sudoeste da Inglaterra).
Essa proibição implica que ser membro do grupo pró-palestino, ou mostrar apoio a ele, é agora tipificado como um delito penal que pode levar a até 14 anos de prisão, sob a Lei de Terrorismo do ano 2000. Especialistas das Nações Unidas criticaram a decisão, argumentando que “danos materiais isolados, sem risco à vida humana, não são suficientemente graves para serem considerados terrorismo”.
Mesmo com a suspensão, entre 500 e 600 pessoas — segundo a Met — se reuniram em frente ao Parlamento neste sábado, convocadas pela associação Defend Our Juries, com cartazes nos quais se podia ler “Me oponho ao genocídio. Apoio o Palestine Action”, de acordo com fotografias publicadas nas redes sociais.
“Em um ato coletivo de resistência, as pessoas estão arriscando sua liberdade por nossos direitos civis e pelo povo palestino”, escreveu a Defend Our Juries na rede social X.
A Met Police assegurou que todas as pessoas que haviam mostrado um cartaz em apoio ao grupo pró-palestino foram presas ou estavam em processo de prisão.
A polícia detalhou que todas essas pessoas foram levadas a pontos de processamento do distrito e aquelas que confirmaram sua identidade foram liberadas sob fiança, com a condição de não voltarem a participar de nenhuma manifestação de apoio ao Palestine Action, e os que se negaram a isso foram levados a delegacias de polícia em diferentes zonas de Londres.
Final de semana tenso
A Met reforçou seu aparato policial, com agentes vindos de outras cidades do Reino Unido, para um fim de semana intenso de protestos na capital britânica e com o precedente de outras manifestações prévias a favor do Palestine Action que também resultaram em mais de uma centena de prisões.
Paralelamente ao protesto na praça do Parlamento, da Russell Square, ao lado do Museu Britânico, partiu com centenas de milhares de participantes — segundo os organizadores, Palestine Solidarity Campaign — a chamada Marcha Nacional pela Palestina em direção a Downing Street, local da residência oficial do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer.
Nessa marcha, de cunho pacífico e independente do grupo pró-palestino, houve apenas uma prisão, segundo indicou a Met, também por mostrar um cartaz de apoio ao Palestine Action.
O restante dos participantes, de crianças a pessoas de idade avançada, marchou pelas ruas do centro de Londres portando bandeiras da Palestina, bem como faixas em que pediam o fim da fome em Gaza, classificavam o Reino Unido como “cúmplice do genocídio” de Israel na Faixa, ou assinalavam que “bombardear crianças não é um ato de autodefesa”.
As manifestações ocorrem depois que o gabinete de segurança do governo israelense de Benjamin Netanyahu autorizou ontem uma nova operação militar na Faixa para tomar o controle da Cidade de Gaza, uma decisão duramente criticada pelos líderes da comunidade internacional.
jps (EFE, AFP)