Resultados iniciais colocam candidato liberal a menos de um ponto à frente de nacionalista. Resultado deve impactar política do país sobre Otan e Ucrânia.Pesquisas de boca de urna indicaram neste domingo (1º/06) um empate técnico entre o liberal Rafal Trzaskowski, apoiado pelo primeiro-ministro centrista, e seu rival conservador e eurocético Karol Nawrocki que disputam o segundo turno das eleições presidenciais na Polônia.

As previsões iniciais mostraram que Trzaskowski recebeu 50,3% dos votos, enquanto Nawrocki obteve 49,7%. Os dados foram obtidos em pesquisas de boca de urna realizadas em cerca de 500 seções eleitorais.

Uma segunda pesquisa divulgada pelo instituto Ipsos, que já contempla resultados parciais da contagem de votos, amplia a diferença e coloca o centrista Trzaskowski com 50,7% dos votos, contra 49,3% do nacionalista Nawrocki.

Como a margem de erro é de dois pontos percentuais, ainda não é possível determinar quem de fato venceu as eleições. O resultado oficial da votação para escolher o sucessor do presidente Andrzej Duda deve ser anunciado na segunda-feira.

Políticos reivindicam vitória

Apesar disso, os políticos se dizem confiantes de que sairão vencedores. Trzaskowski chegou a reivindicar sua vitória imediatamente após o anúncio das primeiras pesquisas de boca de urna.

“Esses resultados mostram como a eleição foi incrivelmente acirrada, e acho que a primeira tarefa como presidente será alcançar aqueles que não votaram em mim”, disse o candidato de 53 anos, para os aplausos de seus seguidores.

O clima na festa eleitoral do nacionalista Nawrocki estava mais contido. Ele pediu aos seus apoiadores que não perdessem a esperança. “Temos que vencer esta noite e sabemos que isso vai acontecer”, disse, após os primeiros resultados da boca de urna.

Todas as pesquisas de opinião antes da votação de domingo também indicaram que a diferença entre os candidatos seria mínima.

País dividido

Na Polônia, o presidente tem mandato de cinco anos e possui amplos poderes, incluindo representar o país no exterior, definir a política externa, nomear o primeiro-ministro e o gabinete, além de atuar como chefe das forças armadas em caso de guerra.

Ewa Marciniak, socióloga e diretora do instituto de pesquisas CBOS, disse que o resultado da pesquisa de boca de urna mostra “como a Polônia está dividida”.

O resultado da votação terá impacto decisivo para o país, que é membro da União Europeia e da Otan.

Uma vitória do pró-europeu Trzaskowski, que pertence à Coalizão Cívica do primeiro-ministro Donald Tusk, permitiria a Tusk avançar com sua agenda reformista.

Nawrocki, por sua vez, vem do partido nacionalista conservador Lei e Justiça (PiS), assim como o atual presidente Duda, que bloqueou muitos projetos legislativos do governo com seu poder de veto.

Durante seu tempo no governo, o PiS esteve em conflito com Bruxelas devido à sua reforma judicial. Também criou atritos com Berlim ao exigir trilhões de euros em reparações pela Segunda Guerra Mundial.

Nawrocki está comprometido com o slogan “Polônia em primeiro lugar”, rejeita a política climática e o pacote migratório da UE e é contrário à ajuda à Ucrânia.

gq (dpa, afp, dw)