Nenhum candidato conseguiu reunir mais de 50% dos votos no 1° turno presidencial. Projeção aponta que prefeito pró-UE e historiador admirador de Trump vão disputar nova rodada em junho.A eleição presidencial da Polônia será decidida em um segundo turno entre um candidato pró-UE e um nacionalista admirador de Donald Trump, apontaram projeções divulgadas neste domingo (18/05).

Fechadas às urnas no primeiro turno deste domingo (18/05), uma pesquisa boca de urna apontou que o atual prefeito e Varsóvia e candidato governista Rafal Trzaskowski deve conquistar 30,8% dos votos, levemente à frente do historiador ultraconservador Karol Nawrocki, que apareceu com 29,1%. Os dois superaram outros 11 candidatos no primeiro turno.

Como nem Trzaskowski e Nawrocki deve obter mais de 50% dos votos, segundo as projeções, um segundo turno deve ser realizado entre os dois em 1° de junho.

“Eu disse que seria apertado e está apertado. Há muito trabalho pela frente, precisamos de determinação, precisamos de seus votos…”, disse Trzaskowski neste domingo. Já o oposicionista Nawrocki conclamou seus apoiadores a “salvar a Polônia” no segundo turno.

Impacto para o governo Tusk

A eleição vem sendo encarada como um plebiscito para decidir se os poloneses permitirão que o primeiro-ministro Donald Tusk implemente integralmente sua agenda liberal ou se prolongarão o período de confrontos sociais e institucionais que marcou a Polônia na última década.

Ao contrário de outros sistemas parlamentares, o presidente polonês mantém poderes estratégicos, uma vez que comanda as Forças Armadas, influencia a política externa e pode vetar leis aprovadas pelo Legislativo.

Embora o Parlamento possa derrubar o veto com uma maioria de três quintos, a coalizão de Tusk não tem os votos necessários, razão pela qual quem vencer estas eleições presidenciais terá o poder de acelerar ou abrandar as reformas do governo até 2027.

Trzaskowski e Nawrocki candidatos disputam a sucessão do atual presidente Andrzej Duda, que está há dez anos no cargo. Trzaskowski, atual prefeito de Varsóvia, é apoiado pelo governo do premiê liberal e pró-UE Donald Tusk. Já Nawrocki, um historiador nacionalista e admirador de Trump, é apoiado pela oposição nacionalista do Partido Lei e Justiça (PiS).

O liberal Tusk assumiu o cargo de primeiro-ministro em dezembro de 2023, após as eleições legislativas, que resultaram numa derrota para o PiS, após oito anos de hegemonia da legenda nacionalista e eurocética.

O resultado da eleição não deve apenas determinar quem ocupará a presidência do quinto país mais populoso da União Europeia (UE) até 2030, mas também definirá a capacidade de Tusk de implementar sua agenda e o posicionamento internacional da Polônia, que recuperou sua influência na Europa desde que o político liberal retornou ao poder em 2023.

Um presidente alinhado com Tusk provavelmente pode fortalecer alianças com Berlim e Paris e acentuar o declínio do Grupo de Visegrado, liderado pela Hungria, favorecendo ainda laços com os países bálticos.

Por outro lado, uma vitória de Nawrocki, que é apoiado pelo PiS, pode priorizar as relações com os Estados Unidos, mantendo laços com a ala de Donald Trump, mas poderia novamente tensionar as relações com a UE. Nawrocki também se declara admirador do presidente americano, com quem se reuniu na Casa Branca duas semanas antes das eleições, o que rendeu acusações de interferência.

Duda entregará o cargo a um sucessor que terá poder político significativo, incluindo o direito de vetar leis aprovadas pelo Parlamento.

Se Trzaskowski vencer a eleição, analistas apontam que Tusk terá liberdade para desenvolver seu programa. Caso contrário, continuarão as dificuldades para governar efetivamente e implementar as promessas de campanha.

jps (DW, AFP, ots)