País quer aumentar preparação dos poloneses diante de uma possível escalada de tensões com a Rússia. Meta é treinar meio milhão até o final de 2026 – inclusive crianças, segundo ministro da Defesa.A Polônia lançará neste mês um projeto piloto que pretende oferecer treinamento militar a todos os poloneses, segundo informou o ministro polonês da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, nesta quinta-feira (06/11).

Segundo ele, trata-se do “maior treinamento de defesa da história da Polônia”, e estará disponível para “todos os cidadãos poloneses”.

Batizado de “Sempre Preparado”, o programa tem como objetivo aumentar a resiliência dos cidadãos diante das crescentes preocupações com a segurança nacionaldiante da invasão russa à Ucrânia e da crescente hostilidade de Moscou contra membros da Otan, a aliança militar do Ocidente.

Em setembro, 19 drones russos invadiram o espaço aéreo polonês e alguns chegaram a atingir o solo, o que foi interpretado por Varsóvia como uma “provocação em grande escala”.

Os cidadãos receberão um curso básico de segurança, treinamento de sobrevivência, primeiros socorros e aulas de defesa cibernética. O programa envolverá ainda sessões individuais e em grupo, “destinadas a pessoas mais jovens, inclusive aquelas do ensino fundamental ou médio, bem como para trabalhadores, empresas e até mesmo idosos”, disse o ministro.

O país pretende treinar 500 mil voluntários até o final de 2026, sendo um quinto deste total ainda neste ano. Segundo o ministério, as orientações ajudarão a fortalecer a disponibilidade, prontidão e capacidade das reservas militares polonesas como parte de um esforço mais amplo para “construir um exército de reservistas” no país, conforme havia projetado o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, em março.

Tensão crescente com a Rússia

A Polônia, que compartilha uma fronteira de aproximadamente 530 quilômetros com a Ucrânia, aumentou significativamente seus gastos militares desde a invasão russa ao país vizinho, tornando -se a terceira maior força militar da aliança transatlântica.

Atualmente, o país gasta proporcionalmente mais com defesa do que qualquer outro membro da Otan. No próximo ano, o orçamento polonês para esse fim crescerá ainda mais, atingindo 4,8% do PIB, disse Kosiniak-Kamysz.

“Estamos vivendo os tempos mais perigosos desde a Segunda Guerra Mundial. Uma guerra está em curso além de nossas fronteiras, há atos de sabotagem no Mar Báltico e batalhas no ciberespaço”, afirmou o ministro ao anunciar o programa.

Segundo Kosiniak-Kamysz, o projeto pretende evitar que a Polônia fique vulnerável ou seja “pega de surpresa” no caso de uma invasão russa, como teria ocorrido com a Ucrânia.

“Durante os quatro anos de guerra, eles [ucranianos] adquiriram essas habilidades. Mas, no momento em que a guerra começou, essas competências de resposta a crises estavam ausentes. Precisamos estar preparados para qualquer cenário”, afirmou.

Atualmente, as forças armadas polonesas contam com 216 mil militares, número que deverá crescer em um terço na próxima década.

gq/ra (DPA, AFP, DW)