12/03/2025 - 15:09
O polvo-de-anéis-azuis (Hapalochlaena) é uma espécie com características únicas. Além de apresentar anéis circulares azuis brilhantes, responsáveis por sua nomeação, esses polvos carregam um veneno fatal para humanos, tornando-os um dos cefalópodes mais mortais do fundo do mar.
Recentemente, cientistas descobriram que essa poderosa toxina é usada pelos machos por um motivo bem peculiar: não serem devorados pelas fêmeas durante a copulação. É o que diz um estudo publicado nesta semana na Current Biology e divulgado na Science.
Evitando o canibalismo sexual
O canibalismo sexual, quando a fêmea mata e consome um macho da mesma espécie durante ou imediatamente após a cópula, é comum entre cefalópodes.
No caso do polvo-de-anéis-azuis, a fêmea abandona completamente sua alimentação comum e passa a canibalizar os machos para sobreviver.
Por serem menores, os machos ficam vulneráveis durante a copulação, o que os levou a criar um mecanismo de defesa: injetá-las com uma boa quantidade de tetrodotoxina durante o ato.
O que seria uma dose fatal para um humano, vira apenas um sedativo para uma fêmea da espécie Hapalochlaena. Esse efeito sedativo paralisa as fêmeas e permite que o macho complete a transferência de esperma sem ser devorado.
A ação foi observada em seis pares de polvo-de-anéis-azuis, durante análise dos pesquisadores da Universidade de Queensland.
O estudo serve para demonstrar que espécies adeptas ao canibalismo sexual são capazes de criar mecanismos para evitar a morte, mesmo no caso dos machos, que costumam aceitar o próprio sacrifício.