O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou neste domingo (09/04) que a população de tigres do país segue crescendo e superou a marca dos 3 mil.

Os tigres, que antes estavam presentes em grande parte da Ásia, perderam cerca de 93% de sua área natural e agora vivem em populações dispersas em apenas 13 países.

O que o último levantamento mostrou?

O censo descobriu que havia 3.167 tigres na natureza em todo o país, acima dos 2.967 de quatro anos atrás.

“Nossa família está se expandindo”, disse Modi em uma cerimônia na cidade de Mysuru, no sul do país. “Este é um sucesso não só para a Índia, mas para o mundo inteiro.”

Principal programa de conservação do país, o Projeto Tigre começou em 1973 depois que um censo descobriu que os tigres da Índia estavam se extinguindo rapidamente devido à perda de habitat.

“A Índia é um país onde proteger a natureza faz parte de nossa cultura”, disse Modi. “É por isso que temos muitas conquistas únicas na conservação da vida selvagem.”

Também no domingo, Modi lançou a Aliança Internacional dos Grandes Felinos, que, segundo ele, será dedicada à conservação de sete espécies de grandes felinos: tigre, leão, leopardo, leopardo da neve, onça-parda, onça-pintada e chita.

Mas há vozes na Índia questionando cada vez mais um tipo de conservação que, segundo críticos, tem se concentrado na preservação da vida selvagem em detrimento da vida das pessoas e de suas comunidades.

Como os povos indígenas são afetados?

O modelo atual de conservação tem como cerne a criação de reservas nas quais não há perturbações pelo homem. Mas alguns especialistas alertam que esse método muitas vezes acaba forçando o deslocamento de povos indígenas que vivem há milênios nessas áreas protegidas.

O governo indiano tem dito que está trabalhando para garantir os direitos indígenas, mas somente cerca de 1% das mais de 100 milhões de pessoas integrantes dos povos originários, os adivasis, recebeu até agora algum direitos sobre áreas florestais.

Sharachchandra Lele, da organização Ashoka Trust for Research in Ecology and the Environment, com sede em Bengaluru, disse à agência de notícias AP que o atual modelo de conservação está ultrapassado.

“Já existem vários exemplos de florestas utilizadas ativamente pelas comunidades locais, e o número de tigres aumentou mesmo enquanto as pessoas se beneficiavam dessas regiões”, disse.

Outros afirmam que a única maneira sustentável de a preservação avançar é com o envolvimento das comunidades.

O conflito entre humanos e tigres segue sendo um desafio no país de mais de 1,4 bilhão de habitantes. Os tigres ou a vida selvagem em geral, ao aumentarem de número em espaços cada vez mais reduzidos, tendem a se voltar para áreas dominadas pelo homem, matando pessoas ou gado para sobreviver.

Recorde negativo ocorreu em 2006

Pesquisadores na Índia usam armadilhas com câmeras e programas de computador para identificar individualmente cada animal.

Cerca de três quartos da população mundial de tigres selvagens vivem na Índia. Os cientistas acreditam que havia mais de 100 mil tigres na natureza no mundo inteiro em 1900, mas o número caiu para um recorde negativo de 3.200 em 2010. O grande felino foi ameaçado por desmatamento, caça e invasão humana de habitats.

A queda da população de tigres na Índia tem uma história semelhante. Quando tornou-se independente do Reino Unido em 1947, acredita-se a Índia tinha cerca de 40 mil tigres. Nas décadas seguintes, essa população caiu para cerca de 3.700 em 2002 e atingiu um recorde negativo de 1.411 em 2006.

bl (AP, AFP)