Os jovens adultos da atualidade apresentam níveis de felicidade menores do que indivíduos de meia-idade e idosos. Os níveis de insatisfação da Geração Z podem estar associados a hesitação em interagir uns com os outros no mundo polarizado e virtual de hoje em dia.

De acordo com o psicólogo Jamil Zaki, da Universidade de Stanford, as pessoas subestimam o quão gentis os outros são e precisam de incentivos para se arriscarem em relações sociais.

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Conforme o especialista, a felicidade ao longo da vida adulta em gerações anteriores assumia um formato de “U”, já que jovens e idosos estavam contentes com as suas vidas, enquanto adultos de meia idade tinham uma insatisfação maior. Entretanto, nos últimos anos, essa curva mudou para uma linha reta ascendente.

Segundo Zaki, não é possível saber ao certo porque essa mudança ocorreu, mas o declínio na sensação de bem-estar de jovens adultos coincidiu com o aumento das desigualdades econômicas e a predominância de uma mídia que passa informações negativas que transmitem tristeza e raiva.

Ao mesmo tempo, jovens ficam mais tempo sozinhos ao invés de desenvolver atividades que envolvem outras pessoas. “Para mim, isso é uma espécie de inércia social. Podemos pedir refeições e qualquer produto com um clique […] As atividades comunitárias não precisam ser feitas em comunidade, por isso ficamos em casa”, pontuou o psicólogo.

De acordo com Zaki, os jovens passaram a subestimar as pessoas e sempre esperam que os outros não são gentis, fazendo com que evitem interações sociais que possam os tornar felizes. “Fazemos essas suposições sombrias uns sobre os outros no abstrato quando perguntados sobre como as ‘pessoas’ são e não quando interagimos com humanos reais, de carne e osso.”

Para Zaki, subestimar o outro ocorre especialmente em contextos polarizados. Em um experimento feito entre republicanos e democratas, ambos os lados imaginam que seu “rival” seja mais extremo, odioso, antidemocrático e violento do que realmente é.

“Quando superamos a inércia e damos um salto de fé em outras pessoas, surpresas agradáveis estão por toda parte”, explicou o psicólogo, acrescentando que a população dos Estados Unidos passa muito menos tempo se conectando através das diferenças do que em décadas passadas. “Mas, assim como o isolamento social geral, evitar essas conversas torna impossível corrigir nossos mal-entendidos ou progredir juntos.”