10/06/2022 - 12:31
Algumas noites a Lua parece muito próxima e maior que o normal.
Em uma noite de verão, quando eu era criança, lembro-me de ter ficado perplexo e assustado com uma enorme forma redonda se aproximando lentamente atrás da casa de minha amiga Nancy, que ficava em uma colina do outro lado de nossa cidadezinha.
- Estruturas enigmáticas dentro da Terra seriam herança do choque que formou a Lua
- Astronautas poderão beber água de antigos vulcões da Lua
- Superlua, lua de sangue, eclipse lunar: o que significam juntos?
Em algum momento, de repente percebi que era a Lua, e corri gritando pelo jardim para contar ao meu pai e fazer ele vir ver. Era maior que uma casa, cor de laranja profundo e certamente de grande significado. Meu pai murmurou algo sobre perspectiva e voltou a fazer jardinagem ou tocar piano.
Não convencido, continuei observando a Lua. Mais tarde, uma vez que a Lua subiu mais alto no céu, voltou a se parecer com o que era habitual.
Bem-vindo ao que astrônomos como eu chamam de ilusão lunar.
Pode ser difícil acreditar que é apenas uma ilusão quando a Lua parece enorme, mas é verdade. Você pode realmente testar a ilusão e até mesmo capturá-la com uma câmera.
Truque da mente
Os astrônomos discutem a ilusão da Lua há séculos, e há alguns fatos com os quais todos concordam.
As pessoas notam principalmente a Lua parecendo maior e mais próxima quando está cheia e próxima do horizonte. Isso ocorre porque sua mente julga quão grande ou pequeno é um objeto como a Lua comparando-o com outras coisas familiares.
Imagine que você está do lado de fora perto de sua casa. Sua casa parecerá grande e, se a Lua nascer ao lado dela, a Lua parecerá normal. Se você olhar para uma casa de longe, porém, a casa parecerá muito pequena.
A ilusão vem do fato de que a Lua está tão distante que, não importa onde você esteja na Terra, ela sempre parece do mesmo tamanho. Na verdade, são as coisas com as quais sua mente compara a Lua – uma casa, uma montanha ou qualquer outra coisa – que parecem maiores ou menores, dependendo da distância que você está. Assim, quando nasce ao lado de uma casa distante ou de uma montanha distante, a Lua parece enorme.
Os fotógrafos usam esse truque para tirar imagens espetaculares de objetos distantes com a Lua atrás deles. As pessoas geralmente experimentam a ilusão da Lua nas férias quando vão a espaços abertos. Pode ser por isso que as grandes luas se tornam memórias poderosas de tempos felizes.
Zoom atmosférico e órbita elíptica
Existem várias explicações convincentes, mas erradas, para a ilusão da Lua. A maioria está fundamentada em alguma verdade, então elas persistem.
A primeira é a ideia de que a atmosfera age como uma lente e amplia a Lua. Quando a Lua está perto do horizonte, sua luz tem de viajar muito mais pela atmosfera da Terra do que quando a Lua está diretamente acima. É verdade que todo aquele ar age como um prisma gigante e desvia os raios de luz, distorcendo a cor e a forma da Lua. Mas não funciona como uma lupa.
A seguir vem a ideia de que em algumas noites a Lua realmente está mais próxima. A órbita da Lua não é perfeitamente circular – é mais como uma forma oval, chamada de elipse –, então ela se aproxima e se afasta ao longo de um mês.
Quando a parte mais próxima da órbita coincide com uma Lua cheia, é chamada de Superlua. Mas quando a Lua está mais próxima da Terra, está apenas cerca de 12% a 15% mais próxima do que quando está mais distante da Terra – uma diferença muito pequena para explicar a ilusão da Lua. É difícil notar uma diferença de 15% no tamanho apenas olhando para a Lua sozinha no céu.
Testando a ilusão
É fácil testar a ilusão da Lua, e você mesmo pode fazê-lo. Da próxima vez que vir a Lua parecendo enorme e mais próxima do que o normal, estenda a mão com o braço esticado. Então feche um olho e veja qual ponta do dedo mal cobre a Lua – para mim, é meu dedo mindinho. Espere um pouco até que a Lua se mova mais alto no céu e tente o experimento novamente. A Lua pode parecer menor, mas seu mesmo dedo a cobrirá da mesma forma.
* Silas Laycock é professor de astronomia na Universidade de Massachusetts em Lowell (EUA).
** Este artigo foi republicado do site The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original aqui.