10/11/2020 - 11:05
Os morcegos se destacam na percepção acústica e detectam objetos tão minúsculos quanto mosquitos usando ondas sonoras. A ecolocalização permite calcular a localização tridimensional de objetos pequenos e grandes, percebendo sua forma, tamanho e textura. Para tanto, o cérebro de um morcego processa dimensões acústicas como frequência, espectro e intensidade dos ecos que retornam do objeto.
Mas às vezes os morcegos colidem com grandes paredes, embora as detectem com seu sistema de sonar. Pesquisadores da Universidade de Tel Aviv (TAU), em Israel, concluíram que essas colisões não resultam de uma limitação sensorial, mas sim de um erro na percepção acústica. Seu estudo foi abordado em artigo publicado na revista “PNAS”.
Liderados pela drª Sasha Danilovich, os pesquisadores soltaram dezenas de morcegos em um corredor bloqueado por objetos de diferentes tamanhos e feitos de diferentes materiais. Para sua surpresa, os pesquisadores descobriram que os morcegos colidiam com grandes paredes de esponja que produzem um eco fraco, como se elas não existissem. O comportamento dos morcegos sugeriu que eles faziam isso mesmo tendo detectado a parede com seu sistema de sonar. Isso indica que a colisão não resultou de uma limitação sensorial, mas sim de uma percepção acústica equivocada.
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Dimensões incoerentes
Os pesquisadores levantam a hipótese de que a combinação não natural de um objeto grande e um eco fraco perturba a percepção sensorial dos morcegos e os faz ignorar o obstáculo, da mesma forma que as pessoas que batem em paredes transparentes.
Os pesquisadores então mudaram metodicamente as características dos objetos ao longo do corredor, variando seu tamanho, textura e intensidade de eco. Eles concluíram que a percepção acústica dos morcegos depende de uma correlação típica e coerente das dimensões com os objetos da natureza – que um objeto grande deve produzir um eco forte e um objeto pequeno, um eco fraco.
“Ao apresentarmos aos morcegos objetos cujas dimensões acústicas não são coerentes, conseguimos enganá-los, criando um equívoco que os levou a tentar repetidamente voar contra uma parede, embora a tivessem identificado com seu sonar”, explica Danilovich. “O experimento nos dá uma ideia de como o mundo é percebido por essas criaturas, cujos sentidos são tão únicos e diferentes dos nossos.”