15/09/2025 - 16:25
Uma estalagmite encontrada nas Grutas Tzabnah, na Península de Yucatán, revela que oito episódios de seca extrema ocorreram entre os anos 870 e 1100 d.C., nos últimos dois séculos do Período Clássico Maia. Isso soma ao menos 44 anos de chuvas escassas, o que pode ter contribuído para o declínio desse povo.
O estudo, publicado em Science Advances, define seca extrema como períodos de três ou mais anos consecutivos, com estiagem prolongada por pelo menos três meses. O episódio mais longo registrado foi uma seca de treze anos, iniciada em 929, com precipitações muito abaixo do normal.
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A estalagmite cresce gota a gota dentro da caverna, acumulando camadas de calcita ano após ano. As camadas retêm isótopos de oxigênio e carbono que variam conforme a umidade e o regime de chuvas, permitindo que os cientistas reconstruam não só a quantidade anual de chuva, mas também sua distribuição ao longo das estações.
Os pesquisadores observaram que as crises climáticas detectadas coincidem com pausas em obras monumentais, interrupção de inscrições cerimoniais, declínio político em cidades e até mesmo com o abandono urbano. Chichén Itzá parece ter resistido um pouco mais graças a redes de comércio e maior centralização, que permitiram importar ou redistribuir recursos durante os períodos de escassez.
Há um período de cerca de 50 anos, entre 1021 e 1070, em que a estalagmite não cresceu. Esse intervalo pode indicar uma seca tão severa que interrompeu completamente o gotejamento de água para dentro da caverna, ou um excesso de chuva que dissolveu a calcita e afetou seu crescimento.
Vale lembrar que o estudo não afirma que a seca sozinha levou ao colapso total, mas sugere que foi um fator determinante, combinando-se com pressões políticas, sociais, talvez conflitos, degradação ambiental ou outras causas internas.