08/08/2022 - 7:31
Um pica-pau bica o tronco de uma árvore quase 20 vezes por segundo quando procura larvas e insetos para comer ou prepara um ninho. Apesar de tanto impacto, essas aves não parecem sofrer lesões cerebrais. Como?
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Há meio século estudiosos sugerem que os ossos do crânio, esponjosos, ou a língua, bastante longa, fariam o papel de amortecedores. Um estudo liderado por Sam Van Wassenbergh, da Universidade de Antuérpia, na Bélgica, indica que a explicação pode ser outra.
Em 109 vídeos gravados em câmera lenta, ele e colaboradores rastrearam o movimento de pontos no bico e na cabeça de três espécies de pica-pau em ação. Concluíram que, no impacto, o crânio sofre a mesma desaceleração que o bico. Ou seja, não há amortecimento, embora, a cada bicada, o cérebro, no choque com o crânio, sofra uma redução de velocidade três vezes superior à que provocaria concussão cerebral em humanos (Current Biology, 14 de julho). O tamanho e o formato do crânio, porém, evitam que a pressão interna aumente a ponto de causar danos no cérebro.
* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.