Uma expedição de 45 dias realizada em março deste ano em áreas abissais de 3,5 mil a 5,5 mil metros de profundidade na Zona Clarion Clipperton – área do Oceano Pacífico localizada entre o Havaí e o México – descobriu novos animais como um porco-do-mar do gênero Amperima apelidado de “Barbie” e um “Unicumber”, pepino-do-mar que pertence à família Elpidiidae.

A pesquisa faz parte de um projeto de mapeamento da biodiversidade de locais em que será realizada a mineração subaquática de metais raros que podem ser utilizados em painéis solares, baterias de carros elétricos e outras tecnologias não danosas ao meio ambiente.

A intenção é identificar como a mineração pode afetar as espécies que residem nas áreas abissais. As informações foram divulgadas pela Universidade de Gotemburgo, na Suécia, nesta terça-feira, 4.

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As planícies abissais contemplam mais da metade da superfície da Terra, mas pouco se sabe sobre essas áreas. De acordo com o pesquisador Thomas Dahlgren, da Universidade de Gotemburgo e que participou da expedição, é estimado que apenas uma em cada dez espécies que vivem em zonas como as observadas neste estudo já foram descritas pela ciência.

Os pesquisadores utilizaram um ROV (Veículo Operado Remotamente), responsável por coletar amostras e imagens para estudos futuros. Uma das espécies fotografadas pelo aparelho é uma esponja considerada o animal com maior tempo na Terra, podendo chegar a 15 mil anos de vida.

As espécies que têm seu habitat em tamanhas profundidades tiveram que se adaptar a uma vida com poucos nutrientes. Por isso, muitos dos animais observados são esponjas e pepinos-do-mar, filtradores que se alimentam de “neve marinha”, detritos orgânicos que afundam da superfície.

“A falta de comida faz esses espécimes viverem distantes uns dos outros, mas a riqueza de animais nessas áreas é surpreendentemente alta”, pontuou Dahlgren.

Uma das criaturas identificada, apelidada de porco-do-mar “Barbie”, devido a sua coloração rosada, se move por meio de pés em formato de tubo e vaga pelas vazias planícies das profundezas do oceano em busca de detritos orgânicos. “São um dos maiores animais encontrados na expedição. Eles agem como aspiradores do fundo do mar”, explicou Dahlgren.