Um estudo publicado na “Geophysical Research Letters” em setembro deste ano conseguiu determinar as razões pelas quais mais de 20 crateras se abriram na Sibéria, na região Ártica da Rússia, desde 2014. Uma equipe de engenheiros, físicos e cientistas da computação apontou que a combinação dos impactos das mudanças climáticas com a geologia atípica da área causou o fenômeno.

A “explosão” de buracos que apareciam misteriosamente na Sibéria intrigou muitas pessoas que, ao longo dos anos, elaboraram teorias que vão de colisões de meteoros a ação de alienígenas para explicar o fenômeno. Entretanto, o real motivo da abertura das crateras tem relação com a presença de gases no subsolo. As informações são da “CNN Climate”.

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Já havia um consenso entre a comunidade científica de que as crateras eram geradas em decorrência do acúmulo de gases abaixo da permafrost – uma camada inferior à superfície da crosta permanentemente congelada – que produzem um “monte” de terra no terreno de tundra da Sibéria. Se a pressão das áreas inferiores for maior que a resistência do solo, ocorre uma explosão e gases são expelidos.

Apesar da explicação, ainda há discussões quanto à origem do acúmulo de tais gases e do aumento da pressão que causa as explosões. As reações químicas foram descartadas pela equipe liderada por Ana Morgado, da Universidade de Cambridge.

De acordo com o estudo, entre a permafrost e a camada de gases, há bolsões de água descongelada chamados de “criopegs”.

Portanto, conforme a pesquisa, as mudanças climáticas e a elevação das temperaturas fazem com que o gelo das camadas superiores derreta. Posteriormente, o líquido escorre pelo solo e chega aos criopegs.

Entretanto, não há espaço para mais água no bolsão, então o criopeg incha, a pressão aumenta e ocorrem rachaduras no solo, algo que faz os gases serem liberados, causando uma reação explosiva que deixa uma cratera como rastro. Segundo o estudo, esse processo pode levar décadas.

Apesar da conclusão da pesquisa, alguns especialistas ainda questionam a explicação apontando que seria difícil água da camada superior do solo atravessar a densa e espessa camada de gelo da permafrost até chegar ao criopeg.

Conforme Lauren Schurmeier, da Universidade do Havaí, a pesquisa faz sentido “na teoria”, mas há muitas fontes potenciais de gás para essas crateras.