Abrir sepulturas, desenterrar os mortos e depois enterrá-los novamente com adornos era uma prática mortuária de povos sul-americanos. Seria uma forma simbólica de reforçar as conexões entre os vivos e os mortos e manter as memórias ancestrais.

A arqueóloga Ana Solari e outros pesquisadores da Fundação Museu do Homem Americano examinaram quatro sítios funerários de povos que viveram no atual Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, entre 6.600 e 270 anos atrás. As covas continham ossos humanos adultos redepositados, ossos extras, oferendas funerárias, restos de fogueiras ou fragmentos de cerâmicas. Em outras, faltavam ossos – da cabeça ou dos pés –, indicando a ação humana posterior ao sepultamento.

Na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, sepultamentos realizados entre 8 mil e 9 mil anos atrás por grupos caçadores-coletores também mostraram sinais de manipulação deliberada pós-enterro ou de enterro de outros corpos, onde já havia pelo menos um (Latin American Antiquity, 19 de abril).

* Este artigo foi republicado do site Revista Pesquisa Fapesp sob uma licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o artigo original aqui.