Decisão inesperada foi anunciada após fracasso do governo em obter acordo sobre política de imigração. No poder há quase 13 anos, Mark Rutte também é atualmente o segundo líder europeu há mais tempo no cargo.O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, disse nesta segunda-feira (10/07) que deixará a política após as próximas eleições. O anúncio inesperado marca o fim de uma era para o político conservador, que comandou o governo da Holanda por mais tempo na história de seu país — e atualmente é o segundo líder europeu há mais tempo no cargo.

A decisão foi comunicada três dias após Rutte apresentar a renúncia de seu quarto gabinete de coalizão. Por trás da renúncia do cargo, está o fracasso do governo em formular um acordo sobre políticas de imigração mais rígidas.

“Nos últimos dias, houve muita especulação sobre o que me motivou. A única resposta é: a Holanda”, disse Rutte aos parlamentares reunidos em uma sessão extraordinária para discutir o colapso do governo.

“Ontem de manhã tomei a decisão de que não estarei novamente disponível como líder do VVD [Partido Popular para a Liberdade e Democracia]. Assim que o novo gabinete for formado após a eleição, deixarei a política.”

De bicicleta para o trabalho

Rutte, de 56 anos, está no poder desde 2010. Entre os 27 membros da União Europeia, apenas o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, está no comando de um país há mais tempo do que ele, já há mais de 13 anos.

Fã dos líderes britânicos Winston Churchill e Margaret Thatcher, Rutte se descreve como um “homem de costumes e tradição”. Apelidado de “Mark Teflon” devido à sua habilidade para se “descolar” dos escândalos que respingaram em seus quatro governos, Rutte também se destacou por uma imagem modesta.

Em Haia, por exemplo, ele costuma ser visto pedalando de bicicleta rumo a reuniões com líderes estrangeiros. Em 2018, ele também arrancou aplausos ao limpar seu próprio café derramado, cena gravada em um vídeo que viralizou.

Rutte deverá agora permanecer no cargo como líder provisório até que um novo governo seja formado, o que não deve acontecer antes de novembro. Enquanto isso, o governo interino não poderá decidir sobre novas políticas, deixando no limbo até 2024 uma série de questões importantes, desde como cumprir metas climáticas a temas como habitação e imigração.

ip/bl (Reuters, AP, AFP)