Ariel Henry deixou o cargo após meses de violência promovida por gangues que exigiam a sua queda. País terá governo interino e deve realizar o seu primeiro pleito desde 2016.O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, renunciou ao cargo nesta quinta-feira (25/04), abrindo caminho para o estabelecimento de um novo governo.

A renúncia ocorre após meses de atos de violência promovidos por gangues que tomaram conta do país, incluindo cerca de 80% da capital, Porto Príncipe.

Um conselho de transição foi empossado nesta quinta-feira para nomear um novo governo interino, abrindo caminho para as primeiras eleições no Haiti desde 2016.

Henry estava no poder desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021 e deveria ter deixado o governo em fevereiro, mas permaneceu no cargo após um acordo com a oposição.

O ministro das Finanças, Patrick Boisvert, deverá atuar como primeiro-ministro provisório após ser nomeado pelo gabinete remanescente de Henry. Não está claro quando o conselho de transição escolherá seu próprio primeiro-ministro interino.

Em uma carta divulgada em redes sociais, Henry disse que seu governo havia “servido à nação em tempos difíceis”. “Solidarizo-me com as perdas e o sofrimento enfrentados por nossos compatriotas durante esse período”, escreveu ele.

Em outro texto publicado no mesmo dia, Henry afirmou que decidiu renunciar por “motivos pessoais”.

Violência generalizada de gangues

A violência de gangues no Haiti se acentuou no dia 29 de fevereiro, quando elas lançaram ataques coordenados em Porto Príncipe e arredores e pressionaram pela renúncia de Henry.

Os criminosos abriram fogo contra o principal aeroporto internacional do país, fechado desde o início de março, e invadiram as duas maiores prisões do Haiti, libertando cerca de 3 mil prisioneiros.

Os ataques começaram quando Henry estava em uma visita oficial ao Quênia, na tentativa de obter apoio para uma missão internacional para o envio de forças de segurança ao Haiti. Ele continua impedido de entrar no país caribenho.

“Porto Príncipe está agora quase completamente isolada devido aos bloqueios aéreos, marítimos e terrestres”, disse a diretora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Cahterine Russel.

Mais de 2,5 mil pessoas foram mortas ou feridas por atos de violência entre janeiro e março, de acordo com dados do Escritório Integrado das Nações Unidas no Haiti. Isso representa uma alta de 53% em comparação com os últimos três meses de 2023.

bl/ra (AP, Reuters, AFP)