26/08/2013 - 12:18
A final da Copa das Confederações, quando o Brasil derrotou a Espanha, foi marcada por dois eventos. Do lado de dentro do Maracanã, a euforia de uma Seleção promissora; do lado de fora, protestos contra os investimentos no torneio. “Queremos hospitais padrão Fifa”. “Da Copa eu abro mão; dinheiro pra saúde e educação”, gritavam os manifestantes. Pela primeira vez registraram-se manifestações de rua contra o futebol no Brasil.
Segundo o governo federal, excetuando-se empréstimos bancários que serão ressarcidos, nenhum centavo de dinheiro público foi investido nos 12 estádios da Copa. Mas uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que a União deixará de receber até R$ 1 bilhão em incentivos fiscais, subsídios e financiamentos para o evento.
O custo das arenas construídas ou reformadas também perturba. Apenas uma será concluída pelo preço orçado, o Itaquerão, de São Paulo. Todas as outras sairão mais caras, sendo os mais inflacionados o estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro, por R$ 1,2 bilhão, e o Mané Garrincha, em Brasília, erguido do nada por R$ 1,5 bilhão (veja abaixo). Tudo para atender ao “padrão Fifa”, a organização privada que comanda o futebol mundial. Os críticos, entretanto, esquecem que a Copa era uma expectativa nacional em 2007 e que sua confirmação empolgou a sociedade.
Os opositores insinuam a existência de manobras para autorizar a demolição da marquise do Maracanã, tombada como patrimônio histórico, para adequá-lo ao modelo Fifa. “As arenas viraram o grande mercado da Fifa”, afirma Argemiro de Almeida, membro do Comitê Popular da Copa e da Olimpíada.
Também há críticos sobre as obras de infraestrutura da Copa. “Pessoas foram removidas sem direito à moradia, apesar de os casos de remoção preverem condições iguais às anteriores”, diz Almeida. Ele observa que o povo será afastado dos jogos pelos preços exorbitantes dos ingressos nos estádios, entre R$ 30 e R$ 1.980, segundo o site da Fifa.
Diante de críticas e protestos de rua, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, lembrou que a entidade não pode ser censurada por atraso de obras, custo de estádios ou preço de ingressos. “A responsabilidade é dos políticos e dos empreiteiros brasileiros”, rebateu.
No final, o que vai definir o termômetro da Copa será o futebol. Ninguém duvida de que o humor da sociedade depende bastante da atuação da Seleção.