17/04/2025 - 13:28
Mudanças no clima, no comportamento do consumidor, preços mais altos: há vários motivos para o declínio mundial na fabricação da bebida. Na Europa, os viticultores da França foram particularmente afetados em 2024.A produção global de vinho caiu em 2024 para seu nível mais baixo em mais de 60 anos devido a condições climáticas extremas, segundo dados do setor. A produção caiu para 225,8 milhões de hectolitros, uma queda de 4,8% em relação ao ano anterior, de acordo com a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), em Dijon, França. Um hectolitro corresponde a aproximadamente 133 garrafas de vinho.
A entidade mencionou condições climáticas extremas, incluindo chuvas fortes, granizo, geadas tardias na primavera, períodos de seca e, como resultado dessas condições climáticas, infestações de pragas. Além das mudanças climáticas, a situação econômica e a queda da demanda tiveram um impacto negativo na produção de vinho.
A indústria do vinho também teme que seus produtos sejam envolvidos no conflito tarifário desencadeado pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Os Estados Unidos são o maiores importadores de vinho em valor, com 6,3 bilhões de euros (R$ 41,9 bilhões) em 2024. Em seguida está o Reino Unido, com 4,6 bilhões de euros, e a Alemanha, com 2,5 bilhões de euros.
Na União Europeia, a produção de vinho foi de 138,3 milhões de hectolitros no ano passado, 3,5% a menos do que em 2023. Na Alemanha – o quarto maior país produtor europeu – a produção caiu 9,8%, para 7,8 milhões de hectolitros, de acordo com dados da OIV.
Menor produção na França desde 1957
A Itália, maior produtora de vinho do mundo, registrou um aumento na produção de 44,1 milhões de hectolitros, mas ainda ficou 6% abaixo da média de cinco anos.
A França, o segundo maior produtor, registrou queda de 23,5%, para 36,1 milhões de hectolitros, a menor produção desde 1957. A Espanha, em terceiro lugar, também permaneceu 11,1% abaixo da média de cinco anos, com uma produção de 31 milhões de hectolitros.
O consumo global de vinho em 2024 foi estimado em 214,2 milhões de hectolitros, uma queda de 3,3% em relação ao ano anterior e o menor volume desde 1961, segundo a OIV. Isso dá continuidade a uma tendência que, além de razões econômicas de curto prazo, como a inflação, também se deve a mudanças no estilo de vida, hábitos sociais e comportamentos diferentes do consumidor, especialmente entre a geração mais jovem.
Tendência de alta nos preços
Na UE, o consumo caiu 2,8% em relação ao ano anterior, chegando a 103,6 milhões de hectolitros, o que representa um declínio médio de 5,2% em cinco anos. Na Alemanha, o consumo foi 3% menor que em 2023, atingindo 17,8 milhões de hectolitros.
O valor das exportações globais de vinho é estimado em 35,9 bilhões de euros em 2024, representando apenas uma ligeira queda em comparação ao ano anterior. O preço médio de exportação também permanece inalterado, em 3,60 euros por litro.
A OIV avalia que o nível geral de preços se mantém alto, em parte porque a tendência para vinhos com preços mais altos se tornou cada vez mais pronunciada nos últimos anos. Hoje, os consumidores pagam em média 30% a mais pelo vinho do que em 2019/2020.
rc/bl (AFP, Reuters, DPA)