05/12/2016 - 20:41
Ilhas de coral submersas, florestas tropicais flutuantes, vulcões submarinos gigantes ou torres de pedra que lembram cidades submersas: nenhum desses sítios pode ser inscrito na Lista do Patrimônio Mundial porque todos estão em alto-mar, fora de jurisdições nacionais. Um relatório lançado em agosto pelo Centro do Patrimônio Mundial da Unesco e a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) explora formas pelas quais a Convenção do Patrimônio Mundial poderá um dia atuar em prol dessas maravilhas.
A obra Patrimônio Mundial em Alto-Mar: uma ideia cujo tempo chegou mostra cinco locais que ilustram diferentes ecossistemas, de áreas ricas em biodiversidade a fenômenos naturais só vistos nas profundezas. Cada um deles poderia ser reconhecido como tendo valor universal excepcional, um princípio fundamental da Convenção, na qual se considera que as qualidades espetaculares de certos sítios transcendem fronteiras nacionais.
Os locais citados são: o Domo Termal da Costa Rica (Oceano Pacífico), um oásis oceânico que fornece habitat crítico para a vida marinha florescente; o Café Tubarão-Branco, ponto de encontro conhecido apenas por tubarões-brancos no norte do Pacífico; o Mar dos Sargaços (Oceano Atlântico), que abriga um ecossistema icônico construído em torno de uma concentração de algas flutuantes; o Campo Hidrotermal da Cidade Perdida (Oceano Atlântico), área a 800 metros de profundidade dominada por monólitos de carbonato de até 60 metros de altura; e o Banco Atlantis, uma ilha fóssil submersa nas águas do Oceano Índico.
Embora distantes de nossas costas, esses sítios não estão a salvo de ameaças, quer se trate de mudança climática, mineração do leito marinho, navegação ou poluição por plástico. Para eles se beneficiarem do reconhecimento e da proteção da Convenção do Patrimônio Mundial, serão necessários ajustes no processo de inscrição, já que só os países podem propor sítios e essas zonas não são abrangidas por jurisdições nacionais.
O relatório explora formas pelas quais a Convenção poderia ser expandida para proteger essas zonas. “Essas áreas estão expostas a ameaças como poluição e sobrepesca”, afirma Dan Laffoley, conselheiro de Ciência Marinha e Conservação da IUCN e coautor do relatório. “É, portanto, crucial mobilizar a comunidade internacional para garantir sua conservação no longo prazo.”