06/09/2025 - 13:05
Onda de manifestações abala o país desde novembro passado. Colapso de obra pública gerou acusações de corrupção contra o governo do presidente Aleksandar Vucic.A polícia da Sérvia deteve 42 pessoas nas manifestações antigovernamentais que ocorreram na noite desta sexta-feira na cidade de Novi Sad, no norte do país, com confrontos violentos que deixaram dezenas de feridos.
A operação policial para dispersar a multidão, realizada por centenas de agentes, durante a madrugada. “No total, durante os protestos da noite passada, 42 pessoas foram detidas ou levadas. Foram danificados 18 veículos policiais, e uma arma de serviço de um policial foi apreendida”, disse neste sábado (06/09) o ministro do Interior, Ivica Dacic, em declarações à emissora pública sérvia RTS.
O ministro acrescentou que 14 policiais ficaram feridos e acusou os manifestantes de terem iniciado os confrontos atirando pedras e paus contra os agentes que cercavam o protesto. Dacic afirmou que se tratou de um “ataque massivo e brutal”.
Já de acordo com a emissora de televisão N1, a manifestação, que reuniu vários milhares de pessoas (entre 7 mil, segundo o governo, e 20 mil, segundo a ONG sérvia “Arquivo de Reuniões Públicas”), transcorreu pacificamente até que a polícia interveio, lançando gás lacrimogêneo contra os cidadãos, que foram golpeados com cassetetes.
Acusações de ambos os lados
O gás foi então lançado deliberadamente dentro de duas faculdades onde os manifestantes se refugiaram da brutalidade policial.
Imagens transmitidas ao vivo pela N1 mostraram como alguns cidadãos se refugiaram em carros, chorando e declarando que não testemunhavam um tipo de violência semelhante desde a época do regime autoritário do falecido Slobodan Milosevic, presidente da antiga Iugoslávia entre 1997 e 2000. Dezenas de pessoas ficaram feridas, segundo fontes da Faculdade de Medicina citadas pela N1, sem especificar o número exato de feridos.
A manifestação foi convocada por entidades estudantis para denunciar que o governo sérvio violou a autonomia das universidades ao encerrar à força os protestos iniciados há meses nas faculdades de filosofia e esportes em Novi Sad.
Onda de protestos
O protesto faz parte de uma onda massiva de manifestações, lideradas por estudantes, que abala o país desde novembro passado. O gatilho foi o desabamento de uma marquise na estação ferroviária de Novi Sad, que causou a morte de 16 pessoas.
A tragédia, ocorrida em 1º de novembro, já levou à renúncia do prefeito Milan Djuric e do primeiro-ministro e chefe de governo do país, Milos Vucevic.
O caso ganhou uma dimensão muito maior, em meio às críticas contra o governo, acusado de corrupção e de censurar a imprensa.
As manifestações, quase diárias, contra o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, decorreram na sua maioria de forma pacífica. No entanto, em meados de agosto, degeneraram em violência, que os manifestantes atribuíram à mão pesada da polícia.
Na noite desta sexta-feira, Vucic acusou os manifestantes de tentarem “ameaçar a estabilidade e a segurança da Sérvia” e “ocupar as instalações universitárias de Novi Sad”.
“Os sérvios devem saber que o Estado é mais forte do que qualquer um… isso sempre será assim”, afirmou. Ele afirmou que para este domingo foram convocadas manifestações a favor do governo em toda a Sérvia.
md (EFE, AFP)