04/10/2025 - 14:25
Milhares saíram às ruas nas grandes metrópoles europeias após Israel interceptar flotilha que levava ajuda humanitária aos palestinos. Na Itália, atos atraíram ao menos 400 mil.Uma multidão voltou a se reunir neste sábado (04/10) nas ruas de Roma, na Itália, pelo quarto dia consecutivo de protestos desde que Israel interceptou e prendeu um grupo de ativistas que tentava entregar ajuda humanitária à Faixa de Gaza pela via marítima.
Dos mais de 400 ativistas detidos a bordo da Flotilha Global Summud, mais de 40 são cidadãos italianos. Estima-se que o grupo transportava cerca de 300 toneladas de suprimentos essenciais, como alimentos, água potável e medicamentos.
A bordo dos barcos estavam, além da ambientalista Greta Thunberg e Mandla Mandela, neto de Nelson Mandela – ícone da luta contra o Apartheid na África do Sul –, brasileiros como o ativista Thiago Ávila e a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE).
Em solidariedade aos ativistas, sindicatos italianos convocaram uma greve geral que afetou largamente a malha ferroviária em todo o país e o transporte público em grandes cidades como Milão e Roma.
Na sexta-feira, protestos em diversas cidades italianas atraíram entre 400 mil (nos cálculos do governo italiano) e 2 milhões de pessoas (segundo a organização).
O governo da primeira-ministra Giorgia Meloni, de ultradireita, tem criticado as manifestações e sugerido que elas seriam só uma desculpa para esticar o fim de semana.
Mas mesmo Meloni, que condicionou o reconhecimento de um Estado palestino à libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas em Gaza e à inabilitação política do grupo, tem feito acenos recentes à causa palestina. Ela já afirmou que há “vítimas inocentes demais” sofrendo com o conflito, e que as ações de Israel em Gaza “passaram do princípio da proporcionalidade”.
Atos também em outras metrópoles europeias
Ao longo da semana, protestos semelhantes aos da Itália – embora de menor porte – foram registrados em outras metrópoles europeias, como Barcelona (Espanha), Lisboa (Portugal), Paris (França), Dublin (Irlanda), Genebra (Suíça), Berlim (Alemanha) e Istambul (Turquia).
O governo israelense, que já começou a deportar os primeiros ativistas da flotilha, afirmou que eles estão “seguros e em boa saúde”, e chamou a ação de “provocação”, alegando que o grupo tentou violar um “bloqueio naval legal”.
Em Paris, manifestantes pró-palestinos se juntaram na quinta-feira a uma greve nacional convocada contra cortes do governo no orçamento para protestar contra a prisão dos ativistas – quatro deles são parlamentares do partido de esquerda A França Insubmissa (LFI), que convocou o ato.
Em Barcelona, a polícia estima que 70 mil tenham comparecido à manifestação deste sábado, enquanto a organização falou em um público de 300 mil. Também houve atos ao longo da semana em Madri.
Embora seja improvável que os protestos influenciem o governo de Israel de alguma forma, os manifestantes esperam encorajar outras pessoas a saírem às ruas e convencer líderes europeus a aumentar a pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu.
Nesta sexta-feira, o Hamas anunciou ter aceitado partes do plano de paz para Gaza apresentado pelo presidente americano Donald Trump – incluindo a libertação de todos os reféns e o fim da guerra –, mas exigiu a renegociação de alguns termos.
A guerra em Gaza foi deflagrada com o ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 que matou cerca de 1,2 mil pessoas e fez outras 251 reféns.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que já deixou mais de 66 mil palestinos mortos, segundo as autoridades de saúde de Gaza, e que lhe rendeu acusações de genocídio e crimes de guerra – imputações que Tel Aviv rejeita veementemente.
ra (Reuters, AP, ots)