05/11/2024 - 11:00
Com as pesquisas de intenção de voto mostrando empate técnico entre Kamala Harris e Donald Trump, resultado pode demorar dias – ou até semanas, com possibilidade de recontagem de votos.Enquanto o mundo acompanha atento a eleição presidencial nos Estados Unidos, em que a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump aparecem tecnicamente empatados nas pesquisas de intenção de voto, autoridades e especialistas pedem paciência – pode levar dias, até semanas, para sabermos quem ganhou.
As urnas fecham às 18h desta terça-feira (05/10), horário do leste dos Estados Unidos. É possível votar por via postal, por voto antecipado ou comparecendo à seção eleitoral no próprio dia das eleições.
Depois de encerradas as urnas e os votos lançados, eles são contabilizados. Os métodos de contagem variam de um local para outro.
Cerca de 70% dos eleitores registrados estão em locais que usam principalmente cédulas de papel marcadas à mão, de acordo com dados da Verified Voting, uma organização que acompanha o processo eleitoral. Grande parte dessas cédulas é contabilizada por meio de scanners ópticos, mas a leitura é feita também manualmente.
Muitos estados mudaram as leis eleitorais para permitir que os votos enviados pelo correio ou do exterior sejam preparados para contagem antes do dia da eleição. Pensilvânia e Wisconsin, dois dos estados decisivos para o pleito, não adotaram essa mudança, o que pode atrasar a contagem.
Resultados muito apertados também podem motivar recontagens de votos.
Uma tradição nos Estados Unidos é que os veículos de imprensa anunciam as projeções de vitória antes das autoridades declararem os vencedores.
Apesar de certeiro, esse processo não é oficial, e os resultados ainda precisam ser certificados em nível estadual, com cada cédula contabilizada.
Em 2020, a imprensa americana declarou a vitória de Joe Biden no sábado, 7 de novembro, embora as urnas tenham sido fechadas na terça-feira anterior. Em 2016 e 2012, os eleitores tiveram uma espera mais curta.
Como é o modelo de votação
No sistema americano, os cidadãos não votam diretamente em seu líder, mas escolhem os 538 membros de um grupo chamado Colégio Eleitoral. É ele quem de fato elege o presidente e o vice-presidente. Para tanto, é preciso o mínimo de 270 votos.
Os estados maiores, com mais representantes no Congresso, têm uma parcela maior desses representantes. A Califórnia, o estado mais populoso, conta com 54 delegados, enquanto os seis estados menos populosos e o distrito de Columbia têm 3 cada.
Os delegados eleitorais geralmente se comprometem a apoiar o candidato que obtiver o maior número de votos em seu estado. Cada delegado representa um voto no Colégio Eleitoral.
Em 2020, o presidente Joe Biden obteve 306 votos eleitorais para derrotar Trump, que tinha 232 votos eleitorais.
Já houve situações em que o candidato que perdeu no voto popular ganhou as eleições – foi o caso do republicano George W. Bush em 2000, e de Donald Trump em 2016. Isso também aconteceu três vezes nos anos 1800. Isso é frequentemente citado por críticos como a principal falha do sistema eleitoral americano.
Já os defensores do modelo dizem que ele força os candidatos a buscar votos em vários estados, em vez de apenas acumular apoio em grandes áreas urbanas.
Prazos para os resultados
Os estados devem certificar os resultados do voto popular até 11 de dezembro.
Em 17 de dezembro, os delegados nomeados de cada estado votam no candidato que ganhou no voto popular. Geralmente essa reunião é meramente cerimonial. No entanto, em 2016, ano em que Trump derrotou Hillary Clinton, 7 dos 538 delegados registraram seu voto em outra pessoa que não o vencedor do voto popular.
Até 25 de dezembro, os certificados eleitorais de cada estado devem ser recebidos pelo presidente do Senado, que também é o vice-presidente – no caso, Kamala Harris.
A certificação é uma formalidade, mas tem sido especialmente politizada desde que Trump se recusou a reconhecer a eleição de 2020, o que deu combustível para a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021.
Trump insistiu, sem provas, que houve fraude nas eleições e pediu a anulação da certificação da vitória de Joe Biden na Pensilvânia, estado tradicionalmente decisivo na disputa à Casa Branca, o que foi negado pela Justiça.
Em 6 de janeiro, o Congresso conta e confirma os resultados, antes da posse do novo presidente, em 20 de janeiro.
sf (Reuters, AP)