30/10/2020 - 10:14
Novas pesquisas baseadas em dados do telescópio espacial Kepler indicam que pode haver até 300 milhões de planetas potencialmente habitáveis em nossa galáxia. Alguns podem até estar bem próximos, com vários provavelmente a 30 anos-luz do nosso Sol. O resultado foi uma colaboração de cientistas da Nasa, do Seti Institute e de outras organizações em todo o mundo. As descobertas, apresentadas em artigo no arquivo pré-impressão arXiv.org, serão publicadas na revista “The Astronomical Journal”.
“Esta é a primeira vez que todas as peças foram colocadas juntas para fornecer uma medição confiável do número de planetas potencialmente habitáveis na galáxia”, disse o coautor Jeff Coughlin, pesquisador de exoplanetas do Seti Institute e diretor do Kepler Science Office. “Este é um termo-chave da Equação de Drake, usada para estimar o número de civilizações comunicáveis. Estamos um passo mais perto na longa estrada para descobrir se estamos sozinhos no cosmos.”
A Equação de Drake é um argumento probabilístico que detalha os fatores a serem considerados ao estimar o número potencial de civilizações tecnologicamente avançadas na galáxia que poderiam ser detectadas. Frequentemente considerada um roteiro para a astrobiologia, essa equação também orienta grande parte da pesquisa no Seti Institute.
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Para desenvolver uma estimativa razoável, os pesquisadores analisaram exoplanetas semelhantes em tamanho ao da Terra e, portanto, com maior probabilidade de serem planetas rochosos. Eles também observaram as chamadas estrelas na Via Láctea semelhantes ao Sol, com aproximadamente a mesma idade e temperatura do nosso Sol. Outro fator considerado para habitabilidade é se o planeta poderia ter as condições necessárias para abrigar água em estado líquido.
Presença de água
Estimativas anteriores sobre a determinação do número de exoplanetas potencialmente habitáveis em nossa galáxia foram fortemente baseadas na distância entre o planeta e sua estrela. A nova pesquisa também considera quanta luz atinge o planeta a partir de sua estrela. Isso afetaria a probabilidade de que o planeta pudesse abrigar água líquida. Com esse objetivo, a equipe não se limitou apenas aos dados do Kepler. Ela também analisou os dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), sobre quanta energia a estrela do planeta emite.
Ao levarem em consideração os dados do Kepler e da missão Gaia, os resultados refletem melhor a diversidade de estrelas, sistemas solares e exoplanetas em nossa galáxia.
“Saber quão comuns são os diferentes tipos de planetas é extremamente valioso para o projeto das próximas missões de descoberta de exoplanetas”, disse a coautora Michelle Kunimoto. Ela trabalhou neste artigo após terminar seu doutorado em taxas de ocorrência de exoplanetas na Universidade da Colúmbia Britânica (Canadá) e recentemente ingressou na equipe Transiting Exoplanet Survey Satellite (Tess), do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, nos EUA). “Pesquisas direcionadas a pequenos planetas potencialmente habitáveis ao redor de estrelas semelhantes ao Sol dependerão de resultados como esses para maximizar sua chance de sucesso.”
Mais pesquisas serão necessárias para entender o papel que a atmosfera de um planeta tem em sua capacidade de abrigar água líquida. Na recente análise, os pesquisadores usaram uma estimativa conservadora do efeito da atmosfera para estimar a ocorrência de estrelas semelhantes ao Sol com planetas rochosos que poderiam ter água líquida.