09/08/2022 - 9:09
Pesquisadores internacionais descobriram evidências da presença das bactérias Yersinia pestis, causadora da Peste Negra, e Salmonella enterica, responsável pela febre tifoide, em dentes de pessoas da Idade do Bronze que poderiam explicar por que duas civilizações desse período caíram. O estudo, que reuniu cientistas do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, do Instituto Max Planck para a Ciência da História Humana (ambos na Alemanha), da Escola Britânica de Atenas (Grécia) e da Universidade Temple (EUA), foi publicado na revista Current Biology.
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No artigo, os pesquisadores apresentam seu estudo genético de dentes encontrados na caverna Hagios Charalambos, na ilha de Creta (Grécia). Os dentes provinham de pessoas que viveram aproximadamente entre 2290 e 1909 a.C. Além de vestígios de bactérias típicas também presentes na boca humana moderna (como as que podem produzir cárie dentária), eles descobriram evidências de Yersinia pestis e Salmonella enterica.
Cepas extintas
Segundo pesquisas anteriores, o Antigo Reino do Egito e o Império Acadiano, ambas civilizações da Idade do Bronze, apresentaram declínios populacionais repentinos há milhares de anos. Essas quedas, que também acarretaram danos à infraestrutura, reduções no comércio e grandes mudanças culturais, estariam associadas a eventos extremos de mudança climática ou outros fatores ainda desconhecidos. Um desses fatores poderia ser o surgimento de epidemias, como sugere o novo estudo.
Mas existem alguns detalhes importantes a serem observados, ressalvam os pesquisadores. Tanto a cepa de Yersinia pestis quanto a de Salmonella enterica encontradas nos dentes em Creta se extinguiram – não são as mesmas que fizeram tantos estragos séculos depois. Isso não permite conhecer o seu grau de transmissibilidade nem se eram mortais ou não. De qualquer modo, a descoberta coloca o fator epidemia como possibilidade no declínio dessas civilizações e recomenda a realização de novas pesquisas a esse respeito, afirmam os cientistas.