Cientistas do Instituto Polar Norueguês anunciaram recentemente que uma jovem raposa-do-ártico – espécie que pode ser encontrada em todo o extremo norte da Terra – viajou de Svalbard (arquipélago norueguês no Oceano Ártico) para o norte do Canadá em um ritmo nunca antes registrado, informou o site NBC News. O animal recebeu um colar de rastreamento em 2017, como parte de um estudo que analisa seus padrões de habitat.

Segundo dados de satélite, a raposa deixou Spitsbergen, a maior ilha de Svalbard, em 26 de março de 2018. Em apenas três semanas, ela percorreu 1.512 quilômetros sobre o gelo marinho para chegar à Groenlândia em 16 de abril.

“Não achamos que fosse verdade”, disse a pesquisadora Eva Fuglei, do Instituto Polar Norueguês, em um post no site da organização no fim de junho.

Segundo Eva, cogitou-se inicialmente que a raposa poderia ter sido encontrada morta e seu colar teria sido retirado e levado em um barco. Mas os pesquisadores perceberam que não há embarcações capazes de navegar tão longe no gelo. “Então, tivemos de apenas acompanhar e ver o que a raposa faria a seguir”, disse ela.

 

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A raposa seguiu a jornada até a Ilha Ellesmere, no extremo norte do Canadá. A distância entre Spitsbergen e o ponto registrado em Ellesmere é de 1.790 quilômetros em linha reta, mas se for incluída a distância percorrida pela raposa nas semanas antes de deixar Spitsbergen, ela percorreu 4.414 km em quatro meses, aproximadamente a distância entre São Paulo e Lima, no Peru. Só se conhecia um caso anterior de raposa-do-ártico (um adulto) que viajasse tanto, mas nesse caso a distância foi percorrida em cinco meses e meio.

Os pesquisadores calculam que a raposa cobriu longos trechos no gelo marinho no Oceano Ártico e nas geleiras da Groenlândia, com velocidade média de 45,9 quilômetros por dia. Num trecho específico, foram 154,5 km por dia – a mais rápida taxa de movimento já registrada para essa espécie.

O animal também teve boa velocidade média enquanto estava no gelo marinho, que pode ter sido usado por ele como “meio de transporte”. Segundo os pesquisadores, o gelo, tanto em terra como no mar, foi crucial para a raposa empreender sua longa jornada, e o degelo provocado pelo aquecimento global tende a colocar em risco não só proezas como essa, mas a própria sobrevivência desse e de outros animais.

O colar da raposa estudada deixou de funcionar em fevereiro, e desde então seu paradeiro é desconhecido.